I SÉRIE — NÚMERO 45
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A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Acontece que as referências à cobrança de taxas pela
certificação das aprendizagens estabelecidas no Decreto-Lei que agora discutimos são as que já constavam
no decreto-lei anterior, que o governo do PS aprovou.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — É ainda muito importante sublinhar, ao contrário do que afirma
a oposição e em particular o PS, que a cobrança de uma propina não prejudicaria as famílias portuguesas
emigrantes, pois essa propina será utilizada para pagar os custos de certificação e também os manuais dos
alunos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Além disso, estão salvaguardados todos os casos de carência
ou insuficiência económica. Nestes casos, naturalmente que não será aplicada qualquer propina.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Fica assim claro que o Governo, nesta matéria específica
trazida a apreciação parlamentar, só irá aplicar a lei já traçada nos tempos do governo do PS e que, dado o
contexto de emergência em que esse governo nos colocou, se tornará certamente impossível não levar à
prática.
Por isso, não temos dúvidas em afirmar que discordamos dos argumentos do PS e não identificamos uma
discriminação face ao ensino ministrado em Portugal, gratuito porque público.
Além disso, a aprendizagem da língua portuguesa no estrangeiro não é reduzida às comunidades
portuguesas, havendo cada vez mais alunos estrangeiros que querem aprender português por valorização
pessoal e profissional, precisamente por verem na língua portuguesa um imenso potencial, sendo falada por
250 milhões de pessoas, em oito países e quatro continentes.
O Sr. João Ramos (PCP): — Esses não vão pagar propinas! Só os portugueses é que pagam!
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Por todas essas razões, não vemos que seja injusto que quem
tem recursos e interesse em aprender a língua portuguesa pague uma propina, sobretudo quando essa se
reverte nos fatores positivos já referidos.
Sabemos que para o Partido Socialista não há constrangimentos financeiros que mereçam reparos e que o
investimento na qualidade é apenas um detalhe insignificante. Para nós, felizmente, não é assim.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira, de Os Verdes.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados: Quando falamos do ensino do português no estrangeiro, talvez não fosse muito desajustado ver o
que diz o Programa do Governo sobre esta matéria.
E quando olhamos para o Programa do Governo podemos ler o seguinte: «O Governo vai acautelar um
serviço eficiente no ensino e divulgação da língua portuguesa no mundo».
O Governo assume o compromisso «de eleger o ensino do português como âncora da política da
diáspora».
Até diz mais: «O Governo criará, em colaboração com entidades públicas e privadas, um conjunto o mais
alargado possível de bibliotecas da língua e da cultura portuguesas, a distribuir pelos países e comunidades
onde se fala a nossa língua».