26 DE JANEIRO DE 2013
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A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Propomos também que a criminalização do recurso aos falsos recibos verdes
seja, de facto, consagrada, considerando-se crime a utilização desse regime de prestação de serviços na
contratação para funções que correspondam a necessidades permanentes.
Não podemos aceitar que o Governo que diz que a um trabalhador com uma dívida superior a 3500 € —
dívida, aliás, ilegítima — à segurança social possa ser aplicada uma pena de prisão superior a três anos, seja
o mesmo Governo que nada quer fazer para responsabilizar as entidades patronais que continuam, ano após
ano, dia após dia, a recorrer ilegalmente à precariedade.
Propomos também que o Governo, que nada faz para resolver esta situação, dê uma resposta efetiva,
garantindo, de facto, a proteção destes trabalhadores.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Propomos que o recurso indevido a formas de contratação que não
correspondam às situações reais seja criminalizado.
Para o PCP, este é um passo fundamental e consequente na luta contra a precariedade do emprego e da
vida, e cabe, hoje, à Assembleia da República pronunciar-se sobre ele.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Arménio
Santos.
O Sr. Arménio Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, as questões que aqui foram
apontadas por si inserem-se em iniciativas já anteriormente apresentadas neste Parlamento, em legislaturas
anteriores, e que foram rejeitadas.
Por outro lado, o momento económico e social em que o País vive suscita-nos uma dúvida quanto à
oportunidade de estarmos a mexer ou a pretender introduzir alterações radicais a esta lei como propõe a
proposta do Partido Comunista Português.
Tal como o PSD não acompanhou o PCP nem o Bloco de Esquerda nas iniciativas que anteriormente
apresentaram, também neste momento não encontramos motivos, bem pelo contrário, para irmos ao encontro
destas propostas.
Vozes do PSD: — Exatamente!
O Sr. Arménio Santos (PSD): — Mas, Sr. Presidente, há uma realidade bem diferente no que toca ao
projeto de lei n.º 142/XII (1.ª), uma iniciativa legislativa de cidadãos.
O Partido Social Democrata saúda essa iniciativa e congratula-se com ela. Se compararmos as propostas
do PCP e do Bloco de Esquerda com a iniciativa dos cidadãos reparamos que há uma diferença significativa.
De um lado há radicalismo ideológico, do outro lado há ponderação, há pragmatismo, há bom senso, o que,
naturalmente, o PSD não pode deixar de ter em consideração.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Por isso, Sr. Presidente, Sr.ª Deputada, o PSD vai estudar…
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Arménio Santos (PSD): — Termino já, Sr. Presidente.
Como dizia, o PSD vai estudar algumas das preocupações levantadas no projeto de lei n.º 142/XII (1.ª).
Mas gostaria de perguntar-lhe, Sr.ª Deputada Rita Rato, o seguinte: porventura considera, no momento em
que a economia do País se encontra extremamente debilitada, em que o desemprego atinge a dimensão que
atinge, é oportuno, é responsável, é sensato introduzir alterações radicais como a proposta do PCP vislumbra?