26 DE JANEIRO DE 2013
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A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Não é, não!
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Portanto, o que temos de fazer, efetivamente, é perceber porque é
que aquilo que já é ilegal não está a ser fiscalizado devidamente.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Está a ser fiscalizado, mas não acontece nada!
A Sr.ª Joana Barata Lopes (PSD): — Isto é aquilo que queremos fazer, mas de uma forma séria e não
cedendo a demagogia ou a uma imagem mais populista que interesse passar.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Artur Rêgo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por saudar também os
cidadãos que subscreveram esta iniciativa legislativa e por dizer que este é um momento importante, pois mais
uma vez se concretiza a democracia de uma forma prevista na lei, em que os cidadãos podem tomar uma
iniciativa, apresentá-la aqui e ser examinada, votada e discutida neste Parlamento por esta Câmara.
A melhor maneira que temos de honrar estes cidadãos, o seu esforço e a proposta que aqui apresentam é
ter um discurso sério, falar frontalmente e sem demagogias.
Ora, a questão que aqui se coloca é simplesmente esta: existe, ou não, legislação em Portugal que defina
perfeitamente o que são recibos verdes, o que é o contrato de trabalho e as suas várias modalidades? A
resposta que temos de dar aos cidadãos é que essa legislação existe. A questão que se coloca, então, com
toda a seriedade, é a seguinte: essa legislação é, ou não, cumprida? A resposta que temos de dar com toda a
seriedade é que, em muitos casos, não o é. Não acontecerá na maioria, mas em muitos casos não o é.
A questão a colocar depois é esta: o que é que se faz, o que é que se tem feito, para que essa legislação
seja cumprida? Como é que se consegue implementar o cumprimento da legislação? Esta é a resposta que é
preciso dar aqui.
Assim, a melhor demonstração de respeito e a melhor homenagem que podemos fazer ao esforço destes
cidadãos é dizer-lhes que as suas propostas têm elementos interessantes e com os quais concordamos, que
estamos dispostos a viabilizá-las e a deixá-las descer à comissão respetiva para serem discutidas na
especialidade.
O diploma fala em questões importantes, uma das quais irei escalpelizar aqui—- a ACT, os tribunais de
trabalho e a fiscalização. Fala ainda numa questão que nos preocupa, as empresas de trabalho temporário,
que teremos também de abordar.
Podemos dizer que estamos a viver em democracia, e estamos, mas nunca podemos dizer que estamos a
viver numa democracia plena se num Estado de direito não se cumprirem as leis que esse próprio Estado
aprovou através dos seus órgãos. É aqui que temos de fazer incidir a nossa ação, não em criar mais leis em
cima de leis que já existem e que, por sua vez, terão o mesmo destino — não serão cumpridas. O foco tem de
estar, portanto, noutro ponto.
Admitimos e reconhecemos que há um elemento de fragilidade na atual legislação: coloca-se nos
trabalhadores o ónus exclusivo de participarem a ilegalidade, o que, estando eles numa situação de fragilidade
em muitos casos, os expõe a situações de represália e retaliação.
Srs. Deputados, como previsto na lei, temos a Autoridade para as Condições do Trabalho, cuja função é
precisamente fiscalizar o cumprimento da lei e proteger os trabalhadores, e temos o Ministério Público, que,
entre as suas funções nos tribunais de trabalho, tem também a função de proteção dos direitos dos
trabalhadores, só que, aparentemente, na prática, estas instituições estão de costas voltadas, e por isso a lei
não é cumprida; as instituições que existem para proteger os trabalhadores não comunicam.
Nesse sentido, são úteis e proveitosas algumas das propostas que aqui nos são trazidas e que iremos
aproveitar. Futuramente, incidiremos a nossa atuação em sede de apreciação na especialidade na forma de