26 DE JANEIRO DE 2013
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Os senhores sabem isto melhor do que eu, porque, quando estudaram a lei,
fizeram-na objetivamente para prejudicar os trabalhadores.
Srs. Deputados, não é possível estar aqui com conversas do género «tão bonito o respeito pela
democracia, pela iniciativa dos cidadãos» e, depois, desvirtuar e corromper profundamente esta iniciativa
legislativa.
Agora, digam: estão, ou não, contra a precariedade? Se estiverem, votam a favor das propostas do PCP;
se não estiverem, estão pela precariedade para todos os trabalhadores.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de
Medeiros.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Começo, também eu, por saudar o grupo
de cidadãos que apresentaram esta iniciativa, alguns dos quais se encontram nas galerias. Sei que tem sido
uma luta longa e árdua, pelo que quero aqui felicitá-los pela persistência, pela convicção e pela crença
absoluta nos valores em que acreditam.
Aplausos do PS.
O escritor e filósofo Albert Camus dizia que a grandeza da democracia não está só na lei da maioria mas
também na sua capacidade para proteger as minorias.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Sr.ª Deputada, peço desculpa por interrompê-la, mas está muito
ruído na Sala. Peço aos Srs. Deputados que estão de pé, a conversar, que se sentem e que aguardemos
serenamente a hora das votações, que não será às 12 horas, pois há consenso entre todas as bancadas para
ser discutido o ponto seguinte da ordem do dia antes das votações.
Faça favor de continuar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Muito obrigada, Sr. Presidente.
Como dizia, a democracia não é só a lei da maioria, é também a sua capacidade para proteger as minorias.
Só que, neste caso, estamos a falar de uma minoria que está a tornar-se numa maioria — e uma maioria
desprotegida. Falamos dos trabalhadores, cada vez mais numerosos, obrigados ilegalmente a aceitar
contratos a recibo verde.
E há uma tendência, pouco saudável para a democracia, de olhar para decisões políticas sem as
perspetivar em relação ao passado e sem medir as suas consequências para o futuro, no fundo,
descontextualizando-as daquilo que é um projeto de sociedade, daquilo que é um debate político e ideológico.
Elaboram-se soluções a curto prazo, sempre invocando a urgência, sem resolver situações que se
tornaram insustentáveis e sem analisar o que elas representam a longo termo.
Permitam-me uma referência pessoal: eu faço parte da geração que entrou no mercado de trabalho com os
recibos verdes, o que significa que muitos da minha geração nunca conheceram um contrato de trabalho
regular. Mas nós ainda tínhamos consciência de que algo estava mal.
O problema, neste momento, é que temos uma série de jovens que nem sabem os direitos que têm ao
nível laboral,…
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.
… de tal maneira esta prática se generalizou.