26 DE JANEIRO DE 2013
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O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Mário Ruivo.
O Sr. Mário Ruivo (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Debatemos hoje o combate à
precariedade, quer através de uma iniciativa legislativa de cidadãos — a quem cumprimentamos —, que
apresentaram um projeto de lei que pretende pôr termo à situação de precariedade em que vivem muitos
trabalhadores portugueses, quer através dos projetos de lei do Bloco de Esquerda e do PCP, que visam o
combate aos falsos recibos verdes e ao falso trabalho temporário.
Desde logo, o Partido Socialista saúda esta iniciativa legislativa de cidadãos por entender que corresponde
a uma participação positiva e a um contributo enriquecedor do envolvimento da comunidade nos processos
legislativos, assinalando uma dinâmica da sociedade que se deseja e aplaude na discussão e proposta de
soluções para os problemas dos portugueses.
O Partido Socialista entende que o projeto de lei de iniciativa dos cidadãos tem alguns méritos que devem
ser debatidos em sede de comissão. Algumas das propostas vêm, aliás, na esteira daquela que tem sido
sempre a nossa posição, designadamente as propostas que apontam para o reforço dos poderes de
fiscalização da ACT e para uma tipificação processual de carácter urgente do falso trabalho independente, que
consideramos globalmente positivas.
Bem diferente é a posição dos partidos que suportam o Governo, o PSD e o CDS-PP, que trazem a este
Plenário um projeto de resolução que objetivamente nada acrescenta ao debate que aqui queremos produzir.
Trata-se, na nossa opinião, de uma iniciativa sem qualquer sentido e incongruente, fundamentalmente por
recomendar ao Governo que prossiga, que continue e que mantenha as políticas que tem seguido até aqui.
Ora, a realidade deste Governo tem demonstrado precisamente que não tem existido uma política de
criação de emprego, nem de incentivo ao crescimento da economia e, por isso, não entendemos o que se
pretende quando se recomenda ao Governo que «continue (…) as políticas ativas de emprego».
Quero trazer aqui apenas dois ou três dados estatísticos.
O último relatório do IEFP refere que, relativamente aos programas de Formação e Emprego, a meta era
de 62 376 e os abrangidos ficaram abaixo de 50%. No programa Impulso Jovem, para uma meta de 21 820,
no Passaporte Emprego, apenas 145 foram abrangidos, ou seja, a sua execução ficou abaixo de 1%; e o
Impulso Jovem, no apoio à contratação versus reembolso da TSU, também nem sequer 1% da execução foi
atingido.
Por isso, entendemos que os dois últimos anos traduziram-se numa política de estrangulamento da nossa
economia, refletida em milhares de falências e insolvências, em mais de 1 milhão de desempregados e em
milhares de portugueses que já saíram do País, razão pela qual consideramos que não se pode recomendar a
continuidade destas políticas que não existem e que não promovem o emprego, nem a formação profissional,
sendo que esta última é um absoluto fracasso.
Aplausos do PS.
Só por ironia é que este projeto de resolução do PSD e do CDS defende a manutenção das políticas de
reforço da ACT, quando o que o Governo tem feito é cortes nos rendimentos do trabalho e nas horas
extraordinárias e uma redução de efetivos. E não descortinamos, no último Orçamento do Estado, qualquer
medida que nos leve a pensar numa inversão desta política, antes pelo contrário.
O Partido Socialista entende que é urgente o relançamento da economia e a criação de emprego, que se
reforcem as políticas ativas de emprego e formação profissional e que se reforcem os meios ao dispor da ACT.
Esse é o caminho — e não o que tem sido seguido por este Governo.
Por isso, consideramos este projeto de resolução da maioria PSD/CDS-PP um projeto sonso, porque
apenas pretende esconder as posições que vão tomar neste debate.
Aplausos do PS.