31 DE JANEIRO DE 2013
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Oeste, sendo as pessoas obrigadas a deslocarem-se para unidades longíssimo das suas áreas de residência,
porque aquilo a que o senhor chama duplicações era um serviço mais próximo das populações.
O Sr. Ministro citou o Padre António Vieira, e eu também o queria citar, no Sermão da Terceira Dominga do
Advento, onde se diz: «Cada um é as suas ações e não é outra coisa. Quando vos perguntarem quem sois,
ide ver a matrícula das vossas ações».
A «matrícula» das suas ações, Sr. Ministro, é uma «matrícula» de degradação do Serviço Nacional de
Saúde, porque para si a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde não é adequar os recursos à
necessidade das populações, é querer adequar a necessidade das populações ao financiamento que o senhor
cortou!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não é melhorar o serviço para servir as populações, é reduzir o
serviço até onde o dinheiro chega. E o dinheiro é cada vez menos!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Teresa Caeiro.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Saúde, este debate já teve uma virtude,
que foi ouvir um comunista citar o Padre António Vieira.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Desculpe se a ofendi!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Mas, para além do mais, foi uma oportunidade para vermos e
ouvirmos, para quem quis ouvir, os membros do Governo falarem sobre as preocupações e as políticas sociais
deste Governo.
E a saúde é, inequivocamente, um dos eixos mais importantes e mais estruturantes das políticas sociais.
Ora, há algo que me faz uma profunda confusão e que só sucede por manifesta incapacidade ou de perceção
ou auditiva: é que a esquerda mais conservadora e mais radical só ouve aquilo que quer e não ouve aquilo
que não lhe interessa.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Por exemplo, não ouviu a intervenção do Sr. Ministro (não só a de hoje,
mas todas as intervenções que tem feito nesta Casa), quando disse que o ADN do Governo é manter o ADN
do Serviço Nacional de Saúde, universal, geral e acessível a todos!
O Sr. João Semedo (BE): — O ADN foi desviado!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Não ouviram o Ministro da Saúde dizer que se vai bater por, perante
recursos muito finitos, encontrar uma forma de manter o acesso e a equidade perante necessidades
tendencialmente infinitas. Não acredito que os senhores não compreendam; os senhores fingem não
compreender!
Vozes do CDS-PP: — É verdade!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Ministro da Saúde, queria pedir-lhe que reafirmasse, para as
mentes menos disponíveis para ouvirem aquilo que não lhes interessa, os princípios a que o Governo e o
Ministério da Saúde estão vinculados…