I SÉRIE — NÚMERO 52
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Não há dúvida que, pelo menos perante o documento que conhecemos das linhas estratégicas do mapa
judiciário, que é de junho de 2012, o que acontece é o encerramento do Tribunal de Ansião, que passa a ser
integrado noutro tribunal, recorrendo ao Tribunal de Pombal, e, ao mesmo tempo, a possibilidade de se criar
uma extensão judicial.
Esta solução constitui uma quebra de direitos para a população (não temos dúvidas sobre esse aspeto!) e,
mais uma vez, põe em causa o direito das populações mais envelhecidas, porque as questões de
acessibilidades e de transportes são determinantes em todo este processo.
Por isso, saudamos a vossa força, a vossa mobilização e queremos dizer-vos que podem contar connosco
na luta por uma situação de justiça e, ao invés daquilo que tem sido a política do Governo, de reforço do
acesso das populações à justiça.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Fernando Marques.
O Sr. Fernando Marques (PSD): — Sr.ª Presidente. Sr.as
e Srs. Deputados: Permitam-me que saúde
igualmente os peticionários aqui presentes e, em nome deles, os 4028 ansianenses que subscreveram esta
petição. Queria deixar uma saudação especial também para o Sr. Presidente da Câmara e para os Srs.
Vereadores, que têm sido incansáveis no diálogo com o Governo sobre a matéria em causa, a reforma do
mapa judiciário.
Os peticionários manifestam-se contra a extinção do Tribunal Judicial de Ansião, prevista na reorganização
da estrutura judiciária, argumentando com a média de pendência processual, com a dinâmica empresarial do
concelho, com a falta de transportes públicos, com o envelhecimento da população e com as boas condições
do edifício do Palácio da Justiça, inaugurado em 1999.
Não podia estar mais de acordo com alguns destes argumentos, não fosse eu Presidente da câmara à
altura e tenha lutado pela construção desta importante infraestrutura. Afinal, ninguém gosta de ver encerrado
um equipamento na sua terra, muito menos quando fomos parte ativa na construção do mesmo
O Sr. João Oliveira (PCP): — E em prejuízo das populações!
O Sr. Fernando Marques (PSD): — Temos, no entanto, de perceber o tempo em que vivemos e de
encarar as reformas das instituições não como um mal necessário, mas como uma inevitabilidade, se
queremos uma Administração Pública moderna e eficiente.
O Estado português foi-se organizando, diria eu, e bem, com base na realidade municipal — nenhum
autarca deste País descansava enquanto não tivesse no seu concelho um tribunal, um quartel da GNR, um
quartel de bombeiros, um centro de saúde, uma repartição de finanças, uma escola secundária, se possível
uma universidade, etc., etc. Importa questionar se este modelo está adaptado à realidade atual, porque os
concelhos têm tudo isso e não foi por esse facto que deixaram de perder população.
O Sr. João Oliveira (PCP): — E assim hão de perder mais!
O Sr. Fernando Marques (PSD): — Ninguém terá dúvidas de que, hoje, o País precisa de uma reforma
profunda das suas instituições em muitos setores da nossa sociedade. Racionalizar e otimizar recursos, numa
lógica de coesão territorial, deverá ser uma preocupação central do Estado que, em conjunto com as
autarquias, deverá garantir uma melhoria dos serviços de proximidade prestados aos cidadãos.
Convém lembrar o Sr. Deputado João Paulo Pedrosa que o Partido Socialista, em 2008, também aprovou
nesta Casa uma proposta de lei que previa a redução para 39 comarcas.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Tão mau é Pedro como é Paulo!