28 DE FEVEREIRO DE 2013
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Sr. Deputado, deixo-lhe três perguntas muito breves.
Sr. Deputado, tem a noção da situação com que estão confrontados milhares de arrendatários em Lisboa,
sejam comerciantes, coletividades, que desempenham um importante papel junto da sociedade e dos bairros,
ou mesmo pessoas individuais ou casais? Tem noção que as pessoas que forem confrontadas com a viuvez a
meio do aumento vão ter de pagar a renda, durante um ano, como se tivessem vencimentos de dois, num
casal?
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — O Sr. Deputado tem noção da situação que isto está a gerar?
Segunda pergunta: acha que é igual a situação do senhorio, que se impuser um preço que o inquilino não
possa pagar o mais que lhe pode acontecer é ter de esperar por outra proposta, e a do inquilino, que vai para
o olho da rua se não tiver dinheiro para pagar a renda?! Acha que isto é uma luta entre iguais, Sr. Deputado?!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Para terminar, Sr. Deputado, pergunto-lhe o seguinte: como é que a bancada
do CDS, depois de ter andado a fazer uma campanha eleitoral sempre virada para a família, para o visto
familiar e para os idosos, consegue estar descansada enquanto as pessoas estão em pânico lá fora? Aqui
mesmo, à porta da Assembleia, um restaurante acaba de fechar porque a renda quadruplicou por causa desta
lei. Nem é preciso ir aos bairros, Sr. Deputado, vá pelo menos aqui ao lado!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Altino Bessa, a minha questão é muito direta.
O CDS aparece sempre atrasado neste debate. Já quando, há pouco mais de um mês, o Bloco de
Esquerda trouxe este debate a Plenário, os senhores vieram com o número de telefone do Instituto da
Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), hoje o Sr. Deputado vem com um folheto na mão, que chega
atrasado.
A minha pergunta é muito simples, Sr. Deputado Altino Bessa: o que é que o senhor tem a dizer aos
milhares de inquilinos — e são milhares, eu tenho os dados — que receberam a carta do senhorio e não
tiveram acesso a nenhuma informação, nem sequer a esse folheto, que vem tarde e a más horas? O que é
que o Sr. Deputado tem a dizer a essas pessoas, muitas das quais foram vítimas de senhorios sem
escrúpulos, como disse a Sr.ª Ministra, que é militante do seu partido?
O que é que o Sr. Deputado vai dizer àqueles que não puderam pedir apoio judiciário, pois, como a própria
Ministra já reconheceu, o deferimento leva 20 a 30 dias e o prazo de resposta à carta são 30 dias? O que é
que diz aos milhares de inquilinos que já tiveram essa situação? Mostra-lhes o folheto agora, a posteriori?!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Altino Bessa para responder.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ramos Preto, muito rapidamente, gostaria
de dizer-lhe que não fez nenhuma referência àquele que era o ponto principal: o Memorando de Entendimento
assinado e negociado por José Sócrates, do Partido Socialista.
Aplausos do CDS-PP.
Protestos do Deputado do PS Ramos Preto.