I SÉRIE — NÚMERO 59
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longo dos 38 anos de Portugal democrático. Mais nos lembra o tempo, que não queremos recuperar, das
ocupações selvagens, em que não foram reconhecidos os direitos de propriedade aos legítimos proprietários.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Nessa circunstância, pergunto ao Partido Comunista se não pretende
também suspender vários artigos do Orçamento do Estado para 2013, porque o mesmo deu um contributo
muito importante na defesa de políticas relacionadas com o tema do arrendamento.
O Orçamento do Estado para 2013 é um documento estratégico para Portugal — estratégico porque reflete
o impacto económico da crise dolorosa que vivemos, estratégico porque reflete as prioridades políticas da
ação governativa.
Infelizmente, o nosso ponto de partida não nos é muito favorável. A herança dos últimos governos e, em
particular, o desvario dos últimos anos da governação socialista colocaram em causa os principais pilares da
nossa sustentabilidade futura.
Foi a existência de uma forte aposta na construção sem freio de casas novas, totalmente baseada na
existência de um sistema financeiro em que o crédito era concedido sem critério, que nos trouxe à situação em
que nos encontramos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Os inquilinos não tiveram culpa disso!
O Sr. Carlos Santos Silva (PSD): — Este modelo levou-nos a uma grave situação de sobre-endividamento
das famílias e contribuiu para o agravamento e a degradação do património imobiliário.
A aposta no arrendamento é a aposta correta, num modelo mais sustentável, já que permite uma maior
flexibilidade e mobilidade dos agregados familiares e não cria bolhas artificiais de riqueza, que ciclicamente
rebentam com consequências gravosas para a economia e para as famílias portuguesas.
Não podemos ainda esquecer uma das medidas que marcou este Orçamento do Estado pela positiva, que
é a criação de uma taxa especial de tributação de rendimentos em IRS dos proprietários que têm rendas. Esta
medida tem um vasto alcance social e revela a dinâmica reformista que este Governo tem estado a imprimir às
suas ações.
Os senhorios podem optar pelo englobamento dos rendimentos prediais. Vou dizer isto de novo, para que
os portugueses percebam e os Srs. Deputados do Partido Comunista também: os senhorios podem optar pelo
englobamento dos rendimentos prediais no conjunto dos restantes rendimentos ou, em alternativa, recorrer a
uma taxa liberatória de 28%, consoante o que lhes for mais favorável, o que significa que se a sua taxa de IRS
for inferior a 28% beneficiam dessa taxa. Também nesta matéria o esforço inteligente em incentivar a
economia é feito descriminando positivamente os titulares com menores rendimentos. Trata-se de uma medida
que deve ser realçada, já que conduz a um desagravamento fiscal para muitos portugueses.
Esta dinâmica não pode ser travada pelas forças do imobilismo e pelas forças daqueles que querem
apenas dar a aparência de movimento para que tudo fique na mesma, e não vai ser travada. Parafraseando o
partido comunista na guerra civil de Espanha: no pasarán!
Aplausos do PSD.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — O Sr. Deputado só falou dos senhorios!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Miguel Coelho.
O Sr. Miguel Coelho (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados do PSD e do CDS-PP: Os senhores
aumentam o preço da água, aumentam o preço do gás, aumentam o preço da luz e, em termos de impostos,
fazem um confisco fiscal.
Os senhores «comem» as pensões e as reformas das pessoas, e ainda por cima, introduzem uma nova lei
do arrendamento que provoca ainda mais sacrifício económico para as famílias.