I SÉRIE — NÚMERO 61
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Devemos também retirar ilações do que se passou eleitoralmente em Itália e na Grécia. Devemos perceber
que isso não é exclusivo de ninguém e que ninguém pode atirar para o outro lado a interpretação do que
aconteceu nestes atos eleitorais.
Devemos perceber que não é exequível nenhum programa que não tenha apoio popular e que seja feito
contra essa apoio popular.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas devemos ter a mesma consciência para perceber que
populismos, que não são verdadeiras alternativas, também põem em causa a democracia. É preciso termos
também a consciência que mesmo aqueles que dizem estar no espaço democrático têm de ter cuidado com a
demagogia.
Vou ler apenas um excerto das palavras de um político europeu que disse o seguinte: «A austeridade
aumenta a dívida pública e conduz a uma espiral recessiva que aumentará o desemprego e poderá causar o
fim da paz social.»
O Sr. António Braga (PS): — Finalmente um democrata-cristão!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Poderia ter sido António José Seguro a fazer esta afirmação,
mas não foi; foi Berllusconi. Por isso é que eu digo que temos de ter muito cuidado com a demagogia e temos
de ter cuidado com os que tendo estado na origem do problema, têm a desfaçatez de vir ignorar todo o
problema que originaram.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Srs. Deputados, teremos muitas oportunidades, no futuro, para discutir alternativas, quando a margem para
essas alternativas for mais larga.
Percebemos hoje, por exemplo, que o Partido Socialista, quando a margem para essas alternativas for
mais larga, quer novamente apostar no aumento da despesa, na despesa e mais despesa. Pois, ficam a saber
que, quando essa margem for mais larga, o CDS estará do outro lado a exigir menos impostos, porque acha
que a recuperação económica é por aí que se fará e, a cada momento que seja possível baixar impostos, o
CDS estará lá para defender esse caminho.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é quando estiverem na oposição!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Mas, para já, sabemos que essa margem ainda não existe e,
a bem de Portugal, convinha que todos tivéssemos noção disso, que todos tivéssemos noção de quanto vale
um consenso neste momento, que vale certamente tanto como valeu na assinatura do Memorando de
Entendimento.
Mais importante do que discutirmos essa questão e aquilo que nos divide era, agora, conseguirmos unirmo-
nos na defesa dos portugueses.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino
Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Penso que
podemos hoje dizer que não há grande diferença entre os que diziam e dizem que é com o pacto de agressão,
com o Memorando da troica, que vai haver crescimento e emprego e os que dizem que querem crescimento e
emprego mas também querem o pacto de agressão cumprido e as obrigações do Memorando cumpridas.