I SÉRIE — NÚMERO 61
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Sabemos bem que a descida dos juros não seria possível tal qual ela está a acontecer se o Banco Central
Europeu não tivesse mudado de posição no final de julho de 212, quando Mário Draghi sinalizou que faria o
possível para que o euro fosse preservado.
Soube-se também que os países sob programa de ajustamento poderão beneficiar da ajuda do Banco
Central Europeu, em determinadas condições, desde que se encontrem a cumprir os programas de
ajustamento com que se comprometeram.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Pode enganar o resto mas a nós não nos engana! É para isso que se
regressa aos mercados. Para cumprir essas condições!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Portanto, Srs. Deputados, esta história que tem duas faces. É que, sem
a alteração da postura do Banco Central Europeu, os juros não estariam a descer, mas não é menos verdade
que sem o trabalho competente dos portugueses e do Governo isso também não seria possível.
Aliás, recordo que, já antes da alteração da postura do Banco Central Europeu, isso acontecia. Face às
taxas de juro espanholas e alemãs, desde que foi atingido o pico dos juros, em janeiro de 2012, a descida dos
spreads dos juros de Portugal a 10 anos foi maior até julho, quando o Sr. Mário Draghi falou sobre a alteração
da postura do Banco Central Europeu, e foi menor desde então.
É evidente que o programa Long-Term Refinancing Operation, (LTRO) teve também influência, mas não
pode ser negado que, se os juros desceram para todos os países, desceram mais para Portugal do que
desceram para outros países.
Protestos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, façam o silêncio necessário para o Sr. Deputado
continuar o seu discurso.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Portanto, é evidente que a credibilidade de Portugal estava em
recuperação e estes factos são indesmentíveis.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Para a Grécia ainda desceu mais!
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Portanto, esta é a realidade que todos deviam reconhecer, tal como se
devia reconhecer que as opções que têm vindo a ser tomadas não são tomadas pelo Governo sozinho, existe
uma troica do outro lado. Assim, é profundamente demagógico responsabilizar o Governo por estas decisões,
como se não existisse um passado, como se não existisse uma troica que nos está a financiar e à qual foi
pedida ajuda pelo anterior governo do PS.
Protestos do Deputado do PS Junqueiro.
Nunca é demais recordar, como a Diretora-Geral do FMI, Christine Lagarde, respondeu em carta ao líder
do PS, que a missão da troica está a ajudar Portugal a emendar os erros, ou, se se quiser, os passos em
falso, ou, se se quiser, ainda, os tropeções que tiveram lugar no nosso País durante anos e anos a fio. É por
isto que a troica e as orientações europeias não podem ser ignoradas e é demagogia ignorá-las.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que ninguém está satisfeito com a situação muito difícil que estamos a
atravessar, que é dramática para muitos e muitos portugueses. Porém, ela era inevitável e esperamos que
possa também ser devidamente adaptada à evolução das condições económicas e políticas que enfrentamos,
quer a nível externo quer a nível interno. É isto que esperamos que aconteça na sétima avaliação regular da
troica que decorre neste momento, porque só assim será possível terminar este Programa de Ajustamento de
forma favorável, como todos desejamos, tanto em Portugal como na Europa.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.