I SÉRIE — NÚMERO 67
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A Sr.ª Maria José Moreno (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Na verdade, o aumento do consumo dos produtos tradicionais e regionais com elevado valor acrescentado
poderá contribuir de forma positiva para continuarmos a reduzir o valor do défice alimentar e nacional. Importa
valorizar todas as oportunidades para que os produtos nacionais ganhem quota de mercado, ajudando as
economias locais e, consequentemente, a nossa economia nacional.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Fão.
O Sr. Jorge Fão (PS) — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Debatemos hoje esta iniciativa parlamentar
apresentada conjuntamente pelo PSD e pelo CDS-PP e que tem como objetivo recomendar ao Governo a
adoção de medidas que visem a proteção dos produtores e dos produtos considerados tradicionais.
Regista-se o facto de a maioria sentir esta necessidade de exigir ao seu próprio Governo mais atenção e
empenho na implementação de políticas de apoio à atividade dos produtores e à promoção dos produtos
tradicionais, reclamando um quadro legal regulamentador mais amigo e favorável para estas atividades.
Protestos do PSD.
É uma iniciativa que não se percebe bem se acontece só para mostrar serviço ou se pretende ser também
uma crítica ao que é, claramente, uma fraca atuação do Governo neste setor. Contudo, o projeto de resolução
que agora apreciamos, e que apresenta um extenso preâmbulo, cuja redação, sinceramente, nos parece muito
pouco cuidada, tem um texto que no sentido e na mensagem que transmite merece a nossa concordância.
A proteção e o apoio aos pequenos produtores e produtos tradicionais é uma atitude que merece
acolhimento por parte do Partido Socialista e que deve realmente convocar a atenção de todos os partidos e,
naturalmente, da sociedade. Desde logo, porque a atividade dos pequenos produtores e a comercialização de
produtos tradicionais proporcionam várias vantagens, entre elas: a preservação dos usos, costumes e
tradições; a promoção da história e da cultura nacionais; a defesa do meio ambiente e da biodiversidade; o
combate à desertificação dos meios rurais; o combate à desertificação das zonas mais periféricas; a
sustentabilidade de muitas micro e pequenas empresas e o reforço do rendimento de muitas famílias; para
além de que é um fator de dinamização do ecoturismo e do agroturismo.
Consideramos pois que, na generalidade, o sentido deste projeto de resolução, que recomenda ao
Governo a necessidade de ser estabelecido um quadro jurídico mais amigo desta atividade, nos parece
razoável, tal como a recomendação de que as entidades fiscalizadoras tenham uma intervenção que
determine razoabilidade e proporcionalidade no regime sancionatório dos prevaricadores e que se pretenda
que, com este tipo de quadro regulamentar mais favorável, conciliar a criação de condições de viabilidade
económica e de rentabilidade financeira das atividades de produção e comercialização de produtos
tradicionais.
Importa contudo acrescentar que, para realmente proteger os produtores e os produtos tradicionais, a
atuação do Governo terá de ir bem mais longe, concretizando outras medidas, nomeadamente, através do
apoio à formação profissional dos produtores, da produção de boas condições de transformação dos produtos
tradicionais, da certificação de qualidade do que é comercializado, da construção de redes de escoamento e
apoio à comercialização, de campanhas promocionais junto dos consumidores e também do incremento de
mercados de proximidade que são de extrema importância.
Portanto, apesar de o entendermos limitado e pouco sistémico, e contrariamente à postura dos partidos
que hoje são a maioria relativamente ao projeto de resolução do PS de proteção e defesa dos produtos
tradicionais, acolhemos como boas as intenções deste projeto de resolução e anunciamos a nossa
disponibilidade para o votar favoravelmente.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Ramos.