16 DE MARÇO DE 2013
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O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O debate sobre a lei dos
compromissos, e já não é a primeira vez que o fazemos — ainda agora o Deputado Paulo Sá o recordou —, é
recorrente neste Parlamento com uma divisão muito clara.
Por um lado, há aqueles que têm uma visão catastrofista de uma lei que tem funcionado muito bem (ainda
que não seja exatamente essa a sua intenção) para reduzir os pagamentos em atraso, na medida em que
assistimos a uma redução de 35% do volume dos pagamentos em atraso a mais de 90 dias nas despesas do
Estado. Enfim, separa-nos essa linha…
O Sr. Deputado já sabe que esta lei tem essa grande função (que, no interesse desta bancada, continuarei
a apoiar), que é a de garantir que, na administração do Estado, não se assumam compromissos que já se
sabe, à partida, que não se vai poder pagar dentro de um prazo razoável, que são os 90 dias.
O Partido Socialista — já o fez no passado — apresenta umas alterações que, no fundo, vêm destruir o que
está na base dessa lei, porque o que o Partido Socialista aqui defende é isto: os senhores assumam lá os
compromissos. Ao fim de um ano, nós vamos ver se esses compromissos são ou não cumpridos, estão ou não
cabimentados; se não estiverem entretanto, as empresas que continuem a ser fiadoras do Estado como eram
até à entrada em vigor desta lei.
O discurso do Sr. Deputado Paulo Sá cobre bem o facto de estar a representar a bancada dos campeões
dos pagamentos em atraso nas autarquias locais. Mas, se me está a dizer que é legítimo uma câmara não
pagar a um fornecedor por questões de subfinanciamento, o que o Sr. Deputado está a dizer é que os
senhores fazem política à custa das empresas!
Protestos do PCP.
Ou seja, as empresas que forneçam para os senhores fazerem as grandes inaugurações e terem os
serviços a funcionar e, depois, quando chega a altura de pagar, deixem lá!… Ora, esta lei pretende
exatamente por termo a essa situação e, ao contrário do que o Sr. Deputado João Galamba disse,
responsabiliza civil e criminalmente aqueles que assumem os compromissos que esta lei não deixa assumir.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Tenha vergonha!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Isso tem servido, Srs. Deputados, para que se introduza uma
moralização na forma como o Estado se relaciona com as empresas, moralização essa que vai em sentido
contrário ao do catastrofismo que aqui se ouve.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Que desonestidade!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Aliás, já ouvimos falar de paralisia, de asfixia,…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Está a faltar à verdade!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … mas os serviços públicos continuam a funcionar, porque o Governo
também sabe que existem exceções que têm de ser acauteladas. É evidente que este programa vem
acompanhado de um programa de apoio às autarquias locais, de um programa de pagamento de dívidas no
setor da saúde e de uma série de medidas e de exceções que, evidentemente, sempre teria de haver, para
garantir que aqueles que dependem de compromissos que vão para além dos 90 dias possam continuar a
funcionar.
Portanto, não poderemos acompanhar as alterações que aqui são propostas e continuaremos a apoiar a
aplicação da lei em vigor.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Querem enterrar os serviços públicos!