I SÉRIE — NÚMERO 69
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As classes dominantes, como tantas vezes fizeram ao longo de quase nove séculos de história do País,
estão a trair os interesses nacionais, a comprometer a soberania e a independência nacionais, a sacrificar o
futuro do País. Aí os podemos ver, de Soares dos Santos a Belmiro de Azevedo, de Américo Amorim a
Fernando Ulrich, subservientes ao capital transnacional e às suas instituições, disponíveis para vender e
sacrificar o que for preciso; aí os podemos ver, a passearem a arrogância de senhores do País, a darem
ordens aos seus representantes políticos, a profetizarem o caminho da exploração, da pobreza, da miséria
para os trabalhadores e para o povo como condição para a acumulação de mais e mais riqueza, de mais e
mais poder.
Portugal está acorrentado ao poder dos grupos económicos e financeiros, está acorrentado à União
Europeia. É necessário libertar Portugal destas amarras!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A Constituição da República Portuguesa está aprisionada. O Governo age à margem e contra a
Constituição, o Presidente da República, que devia ser o seu garante, faz o papel de protagonista e assessor
do seu incumprimento. É necessário libertar a Constituição da República, respeitando-a, cumprindo-a e
fazendo-a cumprir, levando à prática o projeto que integra e que é essencial ao presente e ao futuro do País.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Não basta mudar de Governo, mas sem mudança de Governo não há
mudança de política.
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — O Governo PSD/CDS, de Passos Coelho e Paulo Portas, está
profundamente desacreditado, com uma base social de apoio esgotada e sem legitimidade política.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — É um Governo que se arrasta e que, sentindo o terreno fugir-lhe debaixo
dos pés, procura, numa corrida contra o tempo, precipitar medidas e criar factos consumados, negócios e
favorecimentos, como a entrega de áreas de exploração mineral, cedência de áreas portuárias, privatizações e
mais privatizações.
É um Governo que diz e faz em cada dia o que negava no dia anterior.
O País não aguenta mais. É preciso acabar com este Governo e com esta política antes que este Governo
e esta política acabem com o País!
Aplausos do PCP e de Os Verdes.
A demissão do Governo, a marcação de eleições antecipadas, a rejeição do pacto de agressão e a rutura
com a política de direita impõem-se como o único caminho para salvar Portugal.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Francisco Lopes (PCP): — Há soluções.
O País precisa de uma nova política, uma nova política ao serviço do povo e dos interesses nacionais, e de
um Governo patriótico e de esquerda, capaz de a concretizar.
Uma política que assegure a reposição das condições de vida e de trabalho e os direitos usurpados aos
trabalhadores e ao povo, que defenda a renegociação da dívida pública — envolvendo prazos, taxas de juro e
montantes —, que aposte decisivamente na produção nacional e que tenha como objetivo o pleno emprego.