22 DE MARÇO DE 2013
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Vejamos o que o Governo tem para apresentar ao País, o que o Sr. Ministro do Emprego — ou do
desemprego — tem para apresentar ao País, o que os Deputados e as Deputadas da maioria têm para
apresentar àqueles que os elegeram: a maior taxa de desemprego alguma vez conhecida no Portugal
democrático, 19% de desemprego no final deste ano! É esta a fatura da vossa governação que estão a passar
ao País. E é estranho que, percebendo — como creio que os Deputados e as Deputadas da maioria percebem
bem — que este caminho não tem saída e que será sempre no sentido de afundar o País, continuem a insistir
que este Governo tem salvação. Isso é que é incompreensível.
Vejamos a quem é que serve este Governo, que soluções tem este Governo apresentado e a quem estão
as mesmas a servir. Não é, com certeza, aos desempregados, porque cada vez há mais desempregados,
cada vez há menos emprego; não é às famílias, que cada vez mais se veem endividadas e incapazes de sair
da situação para que este Governo as está a atirar; não é à economia, às pequenas e médias empresas, que
eram o grande amor do PSD, porque quanto a essas há falências aos milhares cada dia que passa; não é à
ideia de que haja saída pelo crescimento, porque o que este Governo fez foi trazer recessão e não qualquer
ideia de crescimento; não é aos idosos, que eram o amor do CDS e que agora são confrontados, diariamente,
com a decisão de ou comprar medicamentos ou comprar alimentos; não é aos estudantes, que se veem
arredados das universidades porque não conseguem pagar as propinas, que não param de aumentar.
Ora, se não é às pessoas, se não é às famílias, se não é à economia, a quem é que este Governo está a
servir? A resposta, curiosamente, até esteve nas palavras do Sr. Ministro da Economia, que, tentando levantar
fantasmas contra a oposição, e contra o Bloco de Esquerda em particular, nos dizia há pouco: renegociação
da dívida? Nunca. Jamais. Esqueçam o que escrevi no meu livro. Isso, nunca!
Esqueçam tudo o que eu escrevi!? A renegociação não pode acontecer!? — diz o Ministro. Mas porquê?
Ouçamos novamente as palavras do Sr. Ministro: a renegociação não pode acontecer porque tal significaria o
colapso financeiro.
Ora, quando a austeridade está a ser o colapso social do País, a grande preocupação do Sr. Ministro é
esta: renegociação nunca, porque isso é o colapso financeiro! O colapso social, esse, é aceitável, desde que
não se mexa nos bancos, desde que não se mexa nos acionistas dos bancos, desde que não se diga aos
especuladores que assumam as suas responsabilidades e desde que não se coloque em causa os ganhos
abusivos de especuladores. Ora, quem escolhe os bancos, quem escolhe os especuladores, quem escolhe os
agiotas em nome da destruição do País mostra bem quem está a servir.
Desta bancada, não temos quaisquer dúvidas de que este Governo não está do lado das pessoas, não
está do lado do País. Ora, se este Governo está contra o País só há uma saída: a sua demissão!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Lynce.
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Ministros, Sr.as
e Srs. Deputados: Penso que valeria a
pena dizermos claramente o que estamos aqui a fazer. Acima de tudo, queremos recuperar a independência
financeira de Portugal.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Penso que a oposição ainda não se apercebeu deste problema: não somos
autónomos, infelizmente.
Em segundo lugar, queremos dar futuro a Portugal,…
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — … porque, a mantermos este caminho, certamente não chegamos lá.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso é verdade! Tem razão!