28 DE MARÇO DE 2013
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Não podemos ter um sistema que está cada vez mais degradado e desqualificado.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — E esta é a circunstância.
Não se trata aqui de nenhuma litigância político-partidária, trata-se de realidades de facto! Quando nos
cortam o que é essencial para os serviços públicos, para o desenvolvimento da sociedade, para o progresso,
quando a alternativa é uma privatização encapotada e o despedaçar de uma das conquistas de Abril, como é
evidente, há uma luta de civilização, há uma luta positiva por direitos e pela justeza do que estava adquirido na
sociedade portuguesa e que este Governo está a destruir passo a passo.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Temos um Ministro que, com empáfia, diz que não haverá despedimentos nos
professores. Depois, chega ao Parlamento, queixa-se da «água da chuva», dizendo que não a pode impedir e
que, agora, já haverá despedimentos, porque haverá professores na mobilidade especial. E a reta final disso é
o despedimento.
Essa mudança é o salto de qualidade numa atitude diferente. Não bastou dispensar milhares e milhares de
contratados, também vai agora aos horários zero, que, com alguns votos piedosos, diz que vai tentar eliminar,
mas nós já sabemos — inclusivamente pelo mecanismo do alargamento da expansão dos quadros de zona
pedagógica, chantagem sobre os professores — que o que está a preparar-se é ainda uma maior diminuição
dos quadros e dos efetivos na escola pública.
Portanto, o tempo é de alerta e de luta.
Saudamos todos aqueles que estão em defesa da escola pública e não, exclusivamente, na defesa dos
seus interesses profissionais, que estão na defesa dos mais nobres intuitos que podemos ter na República
Portuguesa. É o que quer dizer esta petição e é o compromisso que também assume o Bloco de Esquerda.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa
Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Gostaria, em nome do
Grupo Parlamentar de Os Verdes, de saudar a FENPROF e todos os subscritores desta petição.
A petição assume dois objetivos fundamentais que julgo ser extraordinariamente importante refletir neste
debate: primeiro, que defender a educação é apostar no futuro e, segundo, que a educação precisa de
investimento e não de cortes que a desvalorizam. São pressupostos fundamentais para aferirmos das atuais
políticas da educação e para percebermos o que, de facto, queremos construir no presente para garantir no
futuro.
O certo é que, tal como os peticionários afirmam, de uma forma muito concreta, os cortes na educação
atingiram, nos dois últimos anos, um valor de cerca de 2300 milhões de euros.
Diz o Sr. Ministro da Educação, à medida que os cortes vão sendo feitos, que é sempre possível fazer mais
com muito menos, e nada disso se tem verificado — é aquela conversa de quem não tem mais como justificar
o que é absolutamente injustificável.
Mas, de facto, perante esta realidade atroz, prepara-se o Governo para promover mais cortes na educação.
E quando falamos daquilo que ainda não sabemos exatamente, do corte dos 4000 milhões de euros (que
poderá chegar aos mais de 5000 milhões de euros), ninguém sabe exatamente o que se está a preparar neste
País. O que sabemos é que o Sr. Primeiro-Ministro já veio publicamente dizer que uma boa fatia,
provavelmente, entrará na educação, com mais cortes, porque o Sr. Primeiro-Ministro acha que ainda há um
amplo espaço, garantido até — imagine-se! — por via constitucional, que é algo perfeitamente inqualificável —
, que há muita margem para cortar na educação, sem olhar às verdadeiras consequências que daí podem
decorrer.