I SÉRIE — NÚMERO 71
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Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Acácio Pinto (PS): — A via que nos oferecem as bancadas do PSD e do CDS e o Governo é a da
refundação (termo tanto agora em voga) de uma escola pública pobre para pobres — essa não é a nossa via;
a via que querem aqui introduzir é a via do desrespeito e da agressão aos professores — e essa não é a
nossa via.
Senão, vejamos: há um mês, o Ministro da Educação garantiu que a mobilidade especial não se aplicava
aos docentes. Disse o Ministro, na altura: «Não somos irresponsáveis e não despediremos professores e
funcionários». Mas, agora, já diz que a mobilidade especial irá abranger os docentes. Para além disso, e pelo
que agora se sabe, reduz de 23 para 7 ou para 10 os quadros de zona pedagógica. Ou seja, trata mal os
professores, fere a sua dignidade, atira-os para o horário zero e para o desemprego e prepara mesmo o
despedimento de milhares de docentes.
Portanto, não há dúvida de que este Governo ficará conhecido como o que desferiu o maior ataque à
educação e aos professores, em Portugal.
Um exemplo disso é o corte, na escolaridade obrigatória, de cerca de 1500 milhões de euros, nos últimos
dois anos. Os ataques ao serviço público de educação estão aí: implementam-se metas curriculares sem
qualquer racionalidade; destruíram-se as Novas Oportunidades; vão colocar-se alunos do 4.º ano, qual
saltimbancos, de escola em escola para fazerem exames, que mais nenhum país da Europa reconhece e faz;
apregoa-se a autonomia das escolas, pratica-se o centralismo, aumenta-se mais uma direção-geral; propala-
se o ensino dual e o ensino vocacional, mas, afinal, não sabemos quais os conceitos que estão por trás do
ensino dual e do ensino profissional — e aqui, afinal, só se visa uma seleção precoce dos nossos alunos;
deixam-se alunos com necessidades educativas especiais sem apoio efetivo e atrasam-se os pagamentos
para as instituições.
Ou seja, este Governo não pensa a educação como um elemento central na luta pela igualdade de
oportunidades, mas, antes, como uma plataforma de seletividade e reprodutora da exclusão social.
Esse não é, e não será, o caminho do Partido Socialista.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís
Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente e Srs. Deputados: O CDS entende reivindicar a continuidade
de uma política comum a vários países onde os cortes orçamentais estão no centro das suas políticas
públicas. São todos eles países sob a mesma filosofia: a filosofia da austeridade, de todas as troicas que vão
campeando na Europa sob a orientação Merkel.
O CDS sabe escolher os seus amigos, mas isso é incompatível com as necessidades do serviço público de
educação, em Portugal, e com os objetivos dos portugueses.
Pergunto ao CDS: aumentou a liberdade de aprender com os mega-agrupamentos, com as alterações
curriculares, com o aumento de alunos por turma, com todas as medidas de cortes? Onde é que aumentou a
liberdade de aprender? Não aumentou. Aumentou, sim, o insucesso! Aumentou a exclusão social!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Também para uma segunda intervenção, tem a palavra o Sr.
Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Sr. Presidente, tendo em conta que se aproxima o fim deste debate, gostaria
apenas de deixar muito claro que, para o PCP, Srs. Deputados do PSD e do CDS, qualquer ataque ou
tentativa de desmantelamento da escola pública se transforma logo num ataque e numa tentativa de
desmantelamento da própria democracia.