I SÉRIE — NÚMERO 79
10
tudo o que isso significa no dia a dia das famílias portuguesas, como, por exemplo, abastecerem o seu carro,
consumirem um produto que implique transportes ou produtos importados.
É isto que é importante discutir, Sr. Deputado. Quando discute a sua solução a sua solução, que é a do
ultimato, discuta também as consequências. Tenha essa franqueza e honestidade.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares para responder.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Meireles, registo com agrado
que notou que há um ecletismo enorme nos comentadores políticos que o Bloco de Esquerda acompanha,
pelo menos eu, em particular. Mas aponto-lhe outros nomes que continua a acompanhar com atenção, como
Ferreira Leite e Bagão Félix. Se calhar, seria interessante que o CDS e o PSD ouvissem também o que esses
comentadores dizem, porque noutros tempos eram os arautos da linha política dos vossos partidos.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Muito bem!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Agora já não os ouvem, parecem, antes, querer escondê-los atrás de
um qualquer biombo, como Diabo a fugir da cruz sobre o que eles vão dizendo.
A Sr.ª Deputada usou uma palavra que me parece relevante e à qual gostava de lhe responder com toda a
frontalidade, mas também com toda a exigência que a democracia exige — ultimato. Pergunto-lhe se não
considera que a declaração ao País do Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, em que dizia «ou são os
cortes ou não há uma nova tranche da troica, não é um ultimato. A posição da troica, quando diz «ou cortam
ou não há dinheiro», é o quê?
Aplausos do BE.
Sr.ª Deputada, não há e não pode haver aqui meias palavras, porque a posição do Governo português é a
de se colocar ao lado da troica nos ultimatos ao País, e isso é que nós não aceitamos.
Não aceitamos a falta de ambição de um Governo que, afinal, quando vai renegociar as maturidades, até
se coloca, ele próprio, a meio do caminho. A Irlanda dizia «15 anos» e Portugal dizia «bem, se forem sete
anos, já não é mau». Assim percebemos que a falta de ambição, de quem parece que quando chega às
reuniões a Bruxelas pede licença para entrar, é deste Governo. É essa exigência de um povo que se levanta
perante a austeridade que exigimos também do Governo. Ora, o Governo não tem essa atitude difícil, que é a
de ter a coragem de, na Europa, falar entre iguais, porque é entre iguais que estamos na Europa e não numa
posição subserviente.
Por isso, Sr.ª Deputada, sobre a renegociação da dívida, veja o que diz o Eurogrupo: «Esta dívida será,
muito provavelmente, impagável, levará Portugal ao segundo resgate, mas ao que leva, inevitavelmente, será
a mais austeridade.» A Sr.ª Deputada considera que é possível mais austeridade? Onde? Como? Quais
impostos aumentam? Onde vão cortar ainda mais? No subsídio de desemprego? Vão cortar ainda mais no
subsídio de apoio à doença? Essas são as escolhas que o CDS dizia que nunca apoiaria, mas que, na prática,
são as escolhas que está a apoiar.
Há uma conclusão apenas a tirar: o ultimato que o CDS estava a fazer nas suas palavras é o ultimato da
troica, e quem se colou ao lado da troica neste momento virou as costas ao País.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.
O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares,
estava com saudades de ouvir o CDS, mas ainda não foi desta que ouvi alguma coisa que seja sobre a