18 DE ABRIL DE 2013
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A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS-
PP.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, ouvi com bastante
atenção não só a intervenção que fez como também as respostas que deu.
Para começar, não resisto a comentar o seu comentário, se é que posso dizer assim, em relação a
algumas afirmações de um jornalista irlandês sobre o nosso Ministro das Finanças.
Sr. Deputado, jornalistas irlandeses, como jornalistas portugueses, há para todos os gostos, mas não deixo
de ficar um nadinha surpreendida por saber que o senhor partilha dos gostos e das preferências pelos
jornalistas irlandeses que mostra o nosso ex-Primeiro-Ministro José Sócrates. Não sabia que o Bloco de
Esquerda estava tão próximo do PS, mas isto poderá ser até, porventura, um prenúncio para o futuro. Não sei
se o Sr. Deputado é candidato a ministro num futuro Governo do PS, mas talvez não seja inocente essa sua
menção.
Indo a questões mais sérias, e deixando estes pequenos faits divers, gostava de colocar-lhe uma questão.
Todos nós sabemos que a situação de Portugal é difícil, e para situações difíceis é complicado haver
resoluções fáceis.
Sr. Deputado, ouço as suas críticas com atenção, e é evidente que muitos portugueses também ouvirão e,
porventura, até encontrarão justiça nalgumas delas, mas a verdade é que não posso deixar de considerar que
são críticas um tanto fáceis.
Sr. Deputado, não consigo vislumbrar em nenhuma das suas críticas um qualquer início de solução. O Sr.
Deputado diz, veja bem, que a solução é a renegociação — palavra mágica que virá resolver todos os
problemas de Portugal. Lembrava-lhe só, quanto a renegociação, que este Governo já renegociou os juros que
haviam sido negociados pelo Partido Socialista, baixando-os; este Governo já renegociou os limites do défice,
conseguindo limites melhores para Portugal; este Governo já conseguiu até renegociar, na semana passada,
os prazos das maturidades, tornando pelo menos gerível a dívida pública portuguesa,…
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — … coisa que deixaria de acontecer já no ano que vem. Devo lembra-
lhe ainda que conseguiu renegociar não como a Grécia fez mas, sim, como a Irlanda fez.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
E isto não é despiciendo, porque se olhar para o crescimento da Grécia e para o crescimento da Irlanda,
para a forma como vivem os irlandeses e para a forma como vivem os gregos talvez perceba que a Irlanda é
melhor companhia nesta matéria do que a Grécia.
O Sr. Deputado fala em renegociação, mas é uma renegociação muito curiosa a sua, porque é uma
renegociação em que nós dizemos tudo o que queremos e a outra parte pode concordar ou não, pode
responder ou não. Sr. Deputado, a isso não se chama renegociação, chama-se ultimato — este é o nome
daquilo que o Sr. Deputado quer.
O que o Sr. Deputado quer é dizer, pura e simplesmente «não pagamos» — ponto final parágrafo! Chama
a isso renegociação, mas a outra parte não tem rigorosamente nada a dizer. Acho possível discutirmos isso e
acho até útil para, de uma vez por todas, se desmistificar esta questão, mas o importante é perguntar-lhe quais
são as consequências reais. Porque o ultimato tem consequências! O ultimato que o Sr. Deputado defende
tem consequências!
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada, queira terminar.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Termino já, Sr.ª Presidente, com a sua tolerância.
Se pode ter a consequência de não se pagar os juros, também tem a consequência de quem está do lado
de lá, não recebendo, parar o financiamento à economia, parar o financiamento às empresas portuguesas,
parar o financiamento às famílias portuguesas, causar desemprego, no limite sairmos da moeda única, com