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I SÉRIE — NÚMERO 79

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O Sr. Deputado continua a defender o não pagamento e a reestruturação da dívida. Pergunto-lhe, então, o

seguinte: o caminho que quer para Portugal é o caminho que a Grécia trilhou até hoje? Nós não queremos ser

a Grécia na Europa,…

O Sr. João Oliveira (PCP): — Mas estão a fazer-se gregos!

O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — … queremos fazer um caminho diferente, que nos aproxime dos

países que querem cumprir, que querem libertar-se da troica, que querem regressar aos mercados para

colocar a economia a crescer e poder criar emprego.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares para responder.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Hugo Lopes Soares, na minha

intervenção não me ouviu falar em Grécia. Por isso, quem teimosamente nos leva para a Grécia, tomando

sempre esse caso como o «esqueleto no armário» que quer lançar para o debate público, é este Governo.

Vejamos o que aconteceu à Grécia: não cumprimento de défice ano após ano; não cumprimento das

previsões para o limite da dívida ano após ano; despedimentos massivos na função pública ano após ano;

aumento brutal do desemprego, para lá de qualquer previsão, ano após ano.

O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Não cumprimento do programa! Perdão parcial da dívida!

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Ora, são as suas políticas, as políticas do Governo que o senhor apoia,

que estão a levar Portugal para a esteira da Grécia, não são as soluções que o Bloco de Esquerda aponta,

porque essas o Governo tem rejeitado. Mas provam cada vez mais que são soluções, porque a política deste

Governo prova cada vez mais que é problema.

Sei que o PSD gosta de considerar o debate político como a parte negativa do debate que temos na

Assembleia. Por isso, até dizia — lembro-me, tenho memória disso — que o Ministro Vítor Gaspar não era

político, era um técnico, e que por ser técnico iria ser um dos pilares deste Governo. Afinal, tinha pés de barro,

Sr. Deputado, e essa tecnicidade toda, que resultou do fanatismo ideológico que ele tinha e que este Governo

está a levar por diante, está a destruir o País.

Sr. Deputado, atente no que disse um jornalista irlandês — não é suspeito que seja apoiante do Bloco de

Esquerda — sobre o Ministro Vítor Gaspar, acabada a conferência de imprensa do Eurogrupo. Dizia ele:

«Parece um ministro da troica a falar.» Pois, é o ministro da troica que o senhor apoiou!

Fala-nos o Sr. Deputado do Tribunal Constitucional. Sr. Deputado, haja memória: não foi o PSD avisado de

que este Orçamento tinha medidas inconstitucionais? Não foi o CDS avisado de que este Orçamento tinha

medidas inconstitucionais? Não foram todos os Deputados e Deputadas que apoiam maioria, e que aprovaram

o Orçamento do Estado que o Tribunal Constitucional chumbou, avisados de que o documento tinha medidas

inconstitucionais? Foram, mas porque teimavam em ir contra a Constituição insistiram nesta política.

Ora, quem desafiou a Constituição foi este Governo, porque o seu plano sempre foi ir contra o regime

social que construímos, contra os direitos de décadas. Por isso, Sr. Deputado, não acompanho a sua ideia. A

responsabilidade da situação que estamos a viver é do Governo, e porque ele tem responsabilidade — e nós

sabemos bem que ele tem essa responsabilidade — é que já sabemos também que ele não tem saídas para

esta situação. Assim, a única que lhe resta é a saída do Governo, para dar a Portugal a capacidade de respirar

para lá da austeridade.

A austeridade não é um fim, não é uma salvação, a austeridade é uma condenação, e essa é a escolha

deste Governo!

Aplausos do BE.