I SÉRIE — NÚMERO 79
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Face a este cenário, qual é o caminho que o Partido Socialista pretende adotar? É o caminho da
manutenção deste pacto de agressão que desgraça o nosso País, que afunda a nossa economia, que provoca
mais défice, mais dívida, mais desemprego? Ou o PS quer romper o caminho?
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Boa pergunta!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — É que as cartas que o PS envia à troica não são cartas de despedida; são
cartas de amor e de fidelidade, que nós não subscrevemos.
Esta é a questão de fundo: exige ou não o Partido Socialista eleições imediatas, com a demissão do
Governo? Exige ou não o Partido Socialista o rompimento com este caminho, com este pacto de agressão,
não aceitando este programa político, programa que, como desculpa de uma dívida, visa destruir a nossa
economia para a colocar ao serviço dos grandes grupos económicos?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Seabra.
O Sr. Manuel Seabra (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jorge Machado, penso que na intervenção
que fiz fui absolutamente claro quanto aos propósitos do Partido Socialista. E, mais do que eu, o Partido
Socialista foi absolutamente claro quando há três semanas apresentou uma moção de censura e, por certo,
projetou as consequências que essa moção de censura, incontornavelmente, deveria ter.
Protestos do Deputado do PCP Bernardino Soares.
Respondendo a V. Ex.ª, Sr. Deputado Jorge Machado, bem como ao Deputado Bernardino Soares pelos
apartes que está a fazer, quero dizer que vivemos num quadro constitucional…
O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem! Vivemos num Estado de direito!
O Sr. Manuel Seabra (PS): — … e o quadro constitucional estabelece que podemos apresentar, no
máximo, uma moção de censura por sessão legislativa. VV. Ex.as
é que gostam de arranjar expedientes para
apresentar uma moção de censura todas as semanas…! Nós não; apresentámo-la em tempo próprio e de
acordo com aquilo que está regimentalmente previsto.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado, nós até podemos encontrar aqui algumas pontes de entendimento, embora precárias,
eventualmente tão precárias quanto aquelas que os senhores encontraram com o CDS e com o PSD há dois
anos.
Protestos do PCP.
Mas identificamo-nos no diagnóstico. Sabemos, como os senhores sabem, que, por exemplo, o PIB, o
rendimento nacional, desceu 3,2%, o consumo privado desceu 5,6%, a formação bruta de capital fixo desceu
14,5%, o número de desempregados disparou exponencialmente… Srs. Deputados, estamos absolutamente
de acordo no diagnóstico, sabemos exatamente que não é com mais austeridade, não é com indução de
recessão, não é com o estímulo à fuga de cérebros que vamos recuperar o País.
Mas, provavelmente, não estaremos de acordo com o prognóstico. Nós não somos adeptos da sucessão
reiterada de objeções, interrompendo, passando por cima, ultrapassando o quadro constitucional.
Para isso não contem, evidentemente, connosco.
Aplausos do PS.