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18 DE ABRIL DE 2013

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oficial que implicasse um programa com obrigações tão difíceis. Dissemos que isso configuraria uma situação

próxima do protetorado, porque perderíamos grande parte da nossa autonomia e da possibilidade de fazermos

as nossas próprias escolhas.

Mas, é verdade, este ajustamento está a ser ainda mais difícil do que até quem tinha essa prudência à

época, como o CDS tinha, previu e antecipou.

É verdade que a consolidação orçamental está a ser mais lenta do que aquilo que estava previsto, é

verdade que a recessão está a ser também mais profunda, é, ainda, verdade que a dívida subiu mais alto do

que era suposto ter subido e é, sobretudo, verdade que o desemprego está em níveis assustadores, também

eles acima do previsto.

Só quem não tiver nenhuma noção da realidade é que parte de um princípio que não seja este de saber

muito bem onde estamos para poder melhor saber para onde queremos ir. E aí devemos dizer também que

quem, no passado, negou as evidências não tem agora credibilidade para falar sobre as dificuldades do

momento.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

Tem credibilidade para falar das dificuldades do momento quem noutras alturas, mesmo não tendo

responsabilidades governativas, percebeu os desafios que Portugal enfrentava e antecipou as consequências

que daí poderiam vir.

Mas é verdade também que, retirando essas consequências, sabendo que os efeitos deste ajustamento

são diferentes daqueles que foram previstos, o Programa não pode continuar igual, como se nada fosse.

É necessário, como sempre disse o CDS, manter um clima de negociação política e conseguir, a cada

momento, adaptar o Programa de Ajustamento à realidade que vivemos.

Foi por isso que defendemos e apoiámos a redução dos juros, que aconteceu há dois anos. Foi por isso

que defendemos e apoiámos a alteração dos limites do défice para os últimos dois anos orçamentais. Foi por

isso também que apoiámos e defendemos a recalendarização dos reembolsos dos empréstimos para que a

dívida fosse mais sustentável nos próximos anos.

Mas é evidente que não basta alterar as condições do empréstimo em termos financeiros. É fundamental

que olhemos para as consequências económicas e também para as políticas económicas e como podemos,

de alguma forma, corrigir os efeitos deste Programa que, muito mais do que efeitos financeiros, são, acima de

tudo, efeitos que se refletem no dia a dia dos portugueses.

É preciso que o façamos ao nível europeu e ao nível nacional.

Ao nível europeu percebendo que a Europa tarda e, muitas vezes, falta em ter respostas adequadas para

um problema que é, certamente, de alguns países em maior escala, mas que é indiscutivelmente um problema

de toda a Europa e que só poderá ser resolvido se toda a Europa se empenhar nessa solução.

É preciso questionarmos também ao nível europeu que moeda única é esta e que União Monetária é esta

que não resiste à primeira crise e que não tem instrumentos para conseguir a solidariedade entre economias

que são, certamente, diferentes, mas que, partilhando uma mesma moeda e obrigando a uma política

monetária comum, tem de criar instrumentos para que, em momentos difíceis como este, não fiquem uns de

um lado e outros do outro e não se gere um clima de uma certa visão moralista em que os que estão de um

lado acham que estão a fazer tudo bem e, portanto, tudo podem exigir àqueles que criticam, em vez de

ajudarem, àqueles que atacam, em vez de apoiarem.

É esta Europa solidária que todos temos de defender e é aí que temos de intervir com uma voz ativa de um

País que tem certamente dificuldades, mas que não perdeu a sua capacidade de, num espaço que é comum,

defender aquelas que são as melhores políticas europeias.

Também ao nível interno, temos de saber dar resposta aos nossos problemas.

Ao nível das políticas que acordámos com os nossos parceiros e que fazem parte do Programa de

Ajustamento, é preciso que consigamos discutir profundamente a carga fiscal que, hoje em dia, temos em

Portugal; é preciso que consigamos discutir e ter soluções para o problema da burocracia que atrasa tanto a

capacidade de investimento que poderíamos atrair de forma muito mais célere e eficaz e não atraímos por

dificuldades que nós próprios criamos; é preciso também perceber que, se temos de fazer — e temos de fazer!

— cortes de despesa, é porque há responsabilidade de quem não os fez na altura certa do ciclo quando