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I SÉRIE — NÚMERO 79

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uma profunda reforma na Europa — esse é o Estado que precisamos de reformar, o Estado europeu, que

ainda não existe na Europa —, ou, então, nacionaliza a crise e diz que o problema foram as políticas

insustentáveis e o despesismo descontrolado em Portugal. Aquilo que não pode fazer é pretender jogar nos

dois tabuleiros, porque, se defende a segunda, ou seja, que o problema de Portugal é um problema de

despesismo e de irresponsabilidade, que é a tese de Vítor Gaspar, pois Vítor Gaspar entende que Portugal

não se adaptou à Europa, mas que, com a Europa, está tudo bem, tem de ser coerente e, juntamente com

Vítor Gaspar, não pode abandonar o barco e tem de continuar a acreditar, cegamente, na política que está a

destruir o País.

Mas, se defende a primeira, a de que Portugal e outros países da periferia são, fundamentalmente, vítimas

de uma arquitetura institucional profundamente errada, que esteve na base das causas da crise e que

impossibilita, hoje, a resolução dessa mesma crise, então, neste caso, tem de se juntar ao Partido Socialista

na tentativa de lutar por uma Europa diferente daquela que existe hoje e que a sua família política defende.

Portanto, Sr. Deputado João Almeida, é preciso clareza do CDS, é preciso que o CDS pare de brincar e

fingir que joga nos dois tabuleiros. Esta estratégia não engana ninguém e o CDS tem de assumir e dizer,

verdadeiramente, de uma vez por todas, aquilo em que acredita, pois não pode acreditar em coisas

contraditórias.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de

Almeida.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Honório, em relação às

questões que colocou, registo que o Bloco de Esquerda coloca, essencialmente, questões de funcionamento

do Governo, de funcionamento da coligação, eventualmente, de funcionamento do sistema político português,

mas coloca poucas questões que tenham a ver com os problemas que os portugueses vivem no dia a dia.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Claro!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Relativamente àquilo de que falámos, na declaração política,

a posição do CDS tem a ver, essencialmente, e disse-o, várias vezes, na minha intervenção, com Portugal e

com os portugueses, e não com o Governo.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — A Sr.ª Deputada parece preocupar-se mais com a existência

do Bloco de Esquerda e a sua sustentabilidade e com a existência e a sustentabilidade desta coligação ou

deste Governo, mas permita que, neste Parlamento, haja bancadas que se queiram preocupar, em primeiro

lugar, com os problemas que os portugueses enfrentam no dia a dia. E, sobre isto, a Sr.ª Deputada colocou

muito poucas questões, mas não vou fugir a elas, designadamente as que têm a ver com um relatório que foi

apresentado pelo FMI, a pedido do Governo português, como outros que o Governo português pediu.

Já houve, várias vezes, oportunidade para que vários responsáveis do CDS se pronunciassem sobre esse

relatório, dizendo que havia medidas com as quais concordavam e havia medidas das quais discordavam em

absoluto. Portanto, não sei onde é que a Sr.ª Deputada foi buscar esse alto patrocínio do Presidente do CDS a

um relatório sobre o qual sempre dissemos que era técnico, que não era político.

O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exatamente!

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Lembro-me de, eu próprio, ter dito, várias vezes, que esse

relatório analisava essencialmente questões de eficiência e não tinha preocupações de equidade, essenciais

na tomada de decisão sobre políticas públicas.