I SÉRIE — NÚMERO 79
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Seabra.
O Sr. Manuel Seabra (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, agradeço o pedido de
esclarecimento e quero dizer-lhe que, nas respostas que dei anteriormente, já respondi à pergunta que me
colocou, designadamente a esta última.
O que posso dizer-lhe, e que já aqui proclamei de forma mais genérica, é que o Partido Socialista não
aceita acrescentos nas doses de austeridade. Esse princípio representado em cada uma das suas perguntas
dá-lhe a resposta correta.
Evidentemente que, para além de veicular aqui a posição do Partido Socialista de que não aceita mais
austeridade, e com toda a consideração por V. Ex.ª e pelos carteiros, não vou certificar a qualidade da citação
postal, porque, como percebe, não sou eu quem deve fazer esse tipo de certificações.
Sr.ª Deputada, a propósito do seu pedido de esclarecimento, gostaria de lhe dizer o seguinte: o Bloco de
Esquerda tem clara razão quando identifica, aliás, um pouco como o Partido Comunista, e quando faz a
análise e o diagnóstico da situação presente, mas esquece-se sempre de acertar no alvo certo, de acertar no
alvo principal.
Ao ouvir a Sr.ª Deputada estava a olhar para um gráfico que aqui tenho e que podia mostrar-lho a si, a um
Deputado do Partido Comunista, a um Deputado do CDS ou a um Deputado do PSD. Este gráfico representa
a subida da dívida de há dois anos para cá. A subida da dívida, de 175 000 milhões de euros, prevista no
Documento de Estratégia Orçamental, em agosto de 2011, vai já em 204 000 milhões de euros, dados do
Instituto Nacional de Estatística.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — É a austeridade!
O Sr. Manuel Seabra (PS): — Ou seja, esta dívida, com esta política, subiu cerca de 29 000 milhões de
euros. Só esta dívida dava para pagar, Sr.ª Deputada, três vezes as parcerias público-privadas que os
senhores objetaram durante 30 anos.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O Bloco não objetou! Está enganado!
O Sr. Manuel Seabra (PS): — As parcerias público-privadas cuja sindicância VV. Ex.as
aqui exigiram e que
permitiram a infraestruturação do País custam em 30 anos, ao País, 10 000 milhões de euros. Este Governo,
desta maioria, em dois anos triplicou esse valor. E triplicou sem que dotasse o País de 1 km que fosse de
novas infraestruturas, sem que equipasse as escolas com o que quer que fosse de novo, sem que tivesse tido,
perante a qualificação do ensino, a mais pequena diligência.
É um Governo amortecido, é um Governo parado e esse defeito e esse tipo de intervenções é que VV.
Ex.as
deviam identificar com mais assertividade e, provavelmente, reconhecer que colocar no mesmo plano 30
000 milhões de euros de dívida em dois anos e 10 000 milhões de dívida em 30 anos para equipar o País…
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado!
O Sr. Manuel Seabra (PS): — … é, de facto, algo impensável num partido que se assume da esquerda, do
progresso e do crescimento.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado João
Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Portugal e os
portugueses vivem um dos momentos mais difíceis do ajustamento que temos de fazer. Durante muito tempo,
o CDS alertou para os riscos que este ajustamento poderia ter, se tivéssemos de o fazer. Defendemos sempre
que devíamos evitar, a todo o custo, um cenário em que estivéssemos dependentes de um endividamento