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I SÉRIE — NÚMERO 79

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Aplausos do PS.

E não é só o PS que tem denunciado este afastamento. Os parceiros sociais, sejam patrões ou sindicatos,

sejam associações das mais diferentes origens e natureza, todos têm dito que o Governo prossegue,

insensível, o seu caminho solitário, e prossegue mal.

O País empobrece, as empresas vão fechando, os desempregados multiplicam-se, os jovens fogem para o

estrangeiro, o desânimo instala-se. Chegamos a um ponto, Sr.as

e Srs. Deputados, em que nem no Governo o

ânimo se recomenda.

Srs. Deputados, chegados a este ponto, ouvimos a súplica do Primeiro-Ministro: «É urgente a manutenção

de um largo consenso nacional» — diz Pedro Passos Coelho, com dois anos de atraso. Mas ainda que com

toda esta dilação, perdidos dois anos a destruir a economia, não haveria ainda condições para chamar o PS

ao diálogo? Haveria, decerto. O interesse nacional por certo o justificaria, mas Pedro Passos Coelho não

resistiu à tentação, limitando-se a pedir a ratificação do compromisso já assumido.

Vivemos tempos dramáticos. Persistindo teimosamente na estratégia, o Governo não percebeu que a

desconsideração da economia em favor das finanças mata a economia e arrasa as finanças.

Aplausos do PS.

Dois anos acorrentados num túnel e, à saída, o que temos? Um novo túnel, simplesmente um túnel ainda

mais negro.

Era suposto baixar o défice — o défice subiu. Era suposto controlar a divida — a dívida disparou. Era

suposto estancar o desempego — o desemprego explodiu!

Proclamaram enfaticamente a promoção das finanças. Era, claro, uma proclamação ao retardador, própria

de um Ministro em slow motion, que não hesita nem perante as mais agrestes evidências. Fecham as

empresas, aumenta o desemprego, sobe o défice, dispara a dívida e o Ministro exibe a sua fleuma.

O PS denunciou o que parecia evidente. O Secretário-Geral do Partido Socialista, António José Seguro,

tudo fez para tentar inverter o curso dos acontecimentos: falou com a troica, dirigiu-se expressamente ao

Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, reiterou que os termos do Plano de Ajustamento deveriam

ser reequacionados, alertou para a destruição maciça do emprego, anteviu a espiral recessiva, identificou o

estrangulamento da procura interna, censurou a asfixia financeira das empresas, tudo num quadro em que

quer a dívida pública quer o défice seguem descontrolados.

As previsões, essas, são imediatamente revistas, as revisões das metas sucedem-se em cascata.

Era inexorável o caminho para a ruína.

O ultraliberalismo como dogma central, o empobrecimento como fim em si mesmo, a austeridade como

meta, tudo conduziria a um irreversível declínio: mais pobreza, mais desemprego, ruturas sociais insanáveis

seriam o destino.

Em sentido absolutamente contrário às promessas eleitorais que os levaram ao poder, PSD e CDS tudo

sacrificaram em nome do empobrecimento como instrumento de redenção.

Passámos o limite da razoabilidade. Não está de boa fé quem nunca chamou o PS para negociação, não

está de boa fé quem sempre entendeu que o PS era dispensável, não está de boa fé quem fez solenes

declarações de objeção às alternativas socialistas.

Aplausos do PS.

Devo dizer que, fossem outros os caminhos e, por imperativo nacional, sempre o PS acederia à

negociação.

Sr.as

e Srs. Deputados: Nós entendemos que o País pode ter outro rumo, a economia pode recuperar, o

emprego pode voltar a crescer. O que não entendemos é que para salvar o doente seja necessário matá-lo

primeiro. Temo, Srs. Deputados, que depois não ressuscitará!

Aplausos do PS.