18 DE ABRIL DE 2013
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na sua ótica, porque o Tribunal Constitucional decidiu como decidiu. Se, na sua ótica, já estava a correr mal,
quanto muito pode dizer que ficou ainda pior.
Portanto, o que temos de pensar é o seguinte: perante o problema que enfrentamos, que são as
dificuldades acrescidas na execução, temos todos de dar as mãos e encontrar soluções concretas, medidas
específicas que possam contrariar as dificuldades acrescidas pela decisão do Tribunal Constitucional e
encontrar um rumo para o País.
Srs. Deputados, estamos, de facto, a viver um momento decisivo, um momento em que, definitivamente,
temos de mostrar ao mundo e aos mercados que somos um País que merece respeito e que tem uma
credibilidade acrescida para se poder financiar diretamente nos mercados e não ser preciso continuar sob a
tutela da troica.
É esse o nosso propósito. E estamos novamente a fazer um apelo concreto ao Partido Socialista para que
connosco encontre as soluções que o País precisa, as quais, para além de palavras, se traduzam em atos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Duarte Pacheco, quero dizer-lhe
que estou estupefacta a ouvi-lo falar sobre a renegociação da dívida — o Sr. Deputado faz esse ar admirado,
mas julgo que me percebe.
É que, há tempos, quando se falava nesta Casa de renegociação da dívida — e o Sr. Deputado há de
convir que a questão não vinha de si, nem das bancadas da maioria —, os senhores diziam: «Que horror! Mas
que coisa tão imoral! Que coisa tão sem sentido!» E acusavam-nos sempre do seguinte: «Os senhores falam
de renegociação da dívida porque não querem pagar». Nós respondíamos: «Não, não é porque não queremos
pagar, é justamente porque queremos pagar aquilo que é legítimo. O que dizemos é que assim não
conseguimos pagar. É preciso chegar ao pé dos nossos credores e dizer que vamos encontrar forma de pagar
o que devemos, mas nestas condições não conseguimos».
O Sr. Deputado, agora, está todo contente por causa da renegociação de uma parte da dívida, relativa aos
empréstimos da União Europeia. O Sr. Deputado, agora, chega aqui e diz: «Que coisa fantástica!» E eu
pergunto: se é uma coisa tão fantástica, porque é que não renegociamos também, por exemplo, a dívida dos
empréstimos do FMI? Vá lá explicar porquê, Sr. Deputado! Porque agora a renegociação da dívida já é coisa
boa.
Só que o Sr. Deputado está enganado. A renegociação da dívida não se dá porque acreditam em nós. Está
enganado, está iludido, Sr. Deputado!
O Sr. Honório Novo (PCP): — É porque não conseguimos pagar!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — A renegociação dessa «partezinha» da dívida dá-se porque eles
perceberam que nós não conseguimos pagar!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Ou seja, os credores querem receber e têm de garantir formas de
receber. É por isso, Sr. Deputado. Não ande iludido, porque a sua ilusão leva-o a um caminho errado.
Sr. Deputado, vou relembrar-lhe outra situação: em 2011, o Sr. Primeiro-Ministro e o Governo — e a
maioria, claro, que faz sempre eco da coisa, não é verdade? — chegaram aqui e disseram «estamos a lançar
uma brutal austeridade ao País, mas no ano de 2012 já vamos recolher frutos e o País vai crescer». Nada!
Afundámo-nos mais.
De 2011 para 2012, o discurso passou a ser este: «Não é em 2012, mas em 2013 já vamos crescer».
Nada, Sr. Deputado. O que houve foi mais recessão. Agora, em 2013, o ano de crescimento já passou para
2014 — e nós quase adivinhamos que não vai ser assim, Sr. Deputado.