19 DE ABRIL DE 2013
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Pela nossa parte, registo com agrado algumas das propostas apresentadas pela bancada do Partido
Socialista, porque julgo que há caminho, depois de feito o primeiro patamar da capitalização da banca, para
pensarmos numa forma de facilitar a vida às empresas, de criar mecanismos de apoio e de financiamento às
empresas e de, finalmente, olhar para um sistema fiscal amigo das empresas, olhar para o mercado interno
para, depois, conseguirmos recuperar e resgatar o País das dificuldades em que hoje se encontra.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago para uma intervenção.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Devo dizer que, apesar da minha experiência
política, fico sempre chocada com estes momentos,…
Vozes do PSD: — Oh!…
A Sr.ª Ana Drago (BE): — … em que a direita abandona, sem qualquer problema de consciência, todas as
promessas políticas que fez, não apenas na última campanha eleitoral mas na sua história e no seu percurso
político, bem como as dificuldades que aqui se vão mostrando.
No que respeita à autonomia da gestão da Caixa Geral de Depósitos, o Sr. Deputado Nuno Encarnação
tem uma divergência com o seu parceiro, com o CDS, porque o CDS quer uma missão de política pública clara
para a Caixa Geral de Depósitos e, portanto, não a defesa dessa suposta autonomia de gestão.
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Eu não disse o contrário!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Há, no entanto, um aspeto em que temos de entender-nos. Hoje, estávamos a
discutir a possibilidade de encaminhar o remanescente do dinheiro destinado à recapitalização da banca para
a Caixa Geral de Depósitos, mas, no passado, o Bloco de Esquerda já apresentou aqui um projeto de
resolução que previa que a banca privada, que teve acesso a 5600 milhões de euros para a sua
recapitalização, tivesse algum compromisso no financiamento à economia. Ora, o compromisso conseguido
pelo Governo foi, dos 5600 milhões de euros destinados à banca privada, um financiamento à economia de 70
milhões de euros, ou seja, pouco mais de 1%, Sr. Deputado!
Portanto, agora trata-se da banca pública, mas os senhores chumbaram a possibilidade de ter mecanismos
de financiamento pela banca privada.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada, queira fazer o favor de concluir.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, peço que me dê, mais ou menos, a mesma tolerância que teve a
Sr.ª Ministra da Agricultura no debate anterior.
Protestos e risos do PSD e do CDS-PP.
Exatamente, Srs. Deputados!
Nós propusemos uma «taxa travão» no financiamento à economia e os senhores chumbaram; nós
propusemos um IVA de caixa, porque há empresários que pedem empréstimos à banca, que pagam taxas de
14%, para avançarem o pagamento ao Estado do IVA que ainda não receberam, e os senhores chumbaram o
IVA de caixa.
O Sr. Deputado Hélder Amaral veio dizer-nos que não é possível uma economia saudável sem um sistema
bancário saudável. É verdade! Mas também não é possível ter um sistema bancário saudável com uma
economia que está esfrangalhada.
Perante a emergência que temos de momento os senhores não fazem nada! Vão ter, provavelmente, um
banco de fomento ou uma política pública de acesso a financiamento por parte das pequenas e médias
empresas no dia em que estivermos a fazer o funeral da economia portuguesa.