I SÉRIE — NÚMERO 80
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Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada Ana Drago, o debate anterior não pode servir de
precedente, pois a tolerância dada foi, de facto, muito grande.
Tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias para uma intervenção.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Àqueles que comparam o negócio da banca a
uma atividade económica qualquer, como o das padarias, que vendem pão, quereremos recordar que a
atividade e a própria razão de ser do sistema financeiro não é para espremer a economia nacional até se
sentir saudável e ficar satisfeito. Não! «O sistema financeiro é estruturado por lei, de modo a garantir a
formação, a captação e a segurança das poupanças, bem como a aplicação dos meios financeiros
necessários ao desenvolvimento económico e social.» Srs. Deputados, isto não é uma recomendação do PCP,
mas, sim, o que estabelece o artigo 101.º da Constituição da República Portuguesa, que há que cumprir e
fazer cumprir!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Os senhores dizem-nos que o Governo não está autorizado a promover a
aplicação dos fundos de capitalização ao serviço do financiamento da economia e das pequenas e médias
empresas (PME). Então, os senhores assumem que o papel do Governo português é ser uma espécie de
fantoche ou uma almofada de carimbo de troica?! Então, a banca privada é uma espécie de divindade
intocável, a quem os senhores acendem uma velinha e ficam à espera que responda ao drama das empresas
portuguesas?!
O Sr. João Oliveira (PCP): — É uma boa metáfora!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não podemos ignorar os instrumentos que estão ao dispor do Estado hoje,
agora, para se responder ao problema do financiamento das empresas. Não podemos ficar à espera que, um
dia, venha um banco de fomento ou que haja boa vontade por parte dos banqueiros, que algum dia acordem a
pensar que são ricos de mais. Não é disso que estamos a falar, Srs. Deputados!
A situação urgente, dramática, gritante da economia e das micro, pequenas e médias empresas do nosso
País exige que haja responsabilidade do Estado português, do Governo português, uma posição de força, uma
posição negocial junto dos credores do Estado e junto da banca nacional, para que se assumam as posições
que estão ao alcance do Estado, nomeadamente nos bancos privados.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Para que serviram aqueles milhares de milhões de euros dos contribuintes que
foram para a banca privada? Para tornar os bancos saudáveis e equilibrados?! E, agora, ficamos todos muito
contentes perante a fome que o País atravessa, perante o encerramento das empresas e o desemprego,
agradecendo aos bancos por se sentirem saudáveis? Não, Srs. Deputados, é preciso uma outra política, mas
isso exige outro Governo e outra maioria.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Encarnação para uma
intervenção.
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Drago, quem fica chocado com a
sua permanente demagogia e com a falta de conhecimento sobre aquilo de que fala somos nós!