19 DE ABRIL DE 2013
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Este conjunto de medidas, estou certo, irá permitir reforçar os capitais permanentes das empresas e
promover o investimento e a criação de emprego.
Repito, para concluir: o esforço deve ser feito por todos.
O Estado tem feito o seu papel. Cabe também aos bancos acompanharem esta urgência nacional.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Basílio Horta.
O Sr. Basílio Horta (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Também saudamos a iniciativa do
Partido Comunista e do Bloco de Esquerda de trazer este tema importante à discussão, no Parlamento.
No entanto, queremos recordar que, no domínio da estabilização da economia, o Partido Socialista tem
vindo a propor, entre outras medidas, o financiamento das pequenas e médias empresas através da criação
de um banco de fomento ou agência de investimento, cujo capital seria, em parte, garantido com o
remanescente da verba destinada à recapitalização da banca, que se estima em cerca de 3000 milhões de
euros.
Com efeito, a questão fundamental que nos deve preocupar hoje aqui e que preocupa a economia
portuguesa e as nossas empresas reside na queda brutal da procura interna, fruto da recessão económica
ímpar em que o País mergulhou e que não para de se agravar.
Lembremo-nos que a Universidade Católica já estima em 3,7% a recessão no primeiro trimestre deste ano.
Por isso, a primeira e mais urgente prioridade é a de estimular o investimento e dinamizar a procura interna
e a oferta externa, através de, entre outras, as seguintes medidas que deveriam ser imediatamente adotadas:
aumento do salário mínimo; estabilização do quadro fiscal utilizado como instrumento do fomento do
investimento nacional e estrangeiro; redução do IVA da restauração; apoio à formação dos trabalhadores, aos
polos de competitividade e à ligação das empresas às universidades.
O investimento em investigação e desenvolvimento (I&D) não é despesa, é investimento.
Quanto ao setor financeiro, o Partido Socialista não advoga a nacionalização direta ou indireta da banca,
como algumas propostas do Partido Comunista implicariam. Por isso, entende que a entrada do Estado nos
bancos, através da recapitalização, deve ser temporária.
Porém, não podemos esquecer: que o dinheiro utilizado na recapitalização é dos contribuintes portugueses,
o que implica que o Estado exerça todos os seus poderes acionistas enquanto se mantiver a intervenção;…
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É isso o que escrevemos!
O Sr. Basílio Horta (PS): — … que o Governo e o Banco de Portugal acompanhem a atividade bancária,
garantindo o cumprimento das obrigações constantes do planos de intervenção, nomeadamente as que
impõem que parte das verbas da recapitalização entrem na economia; que o Estado garanta a disciplina do
setor bancário, impedindo alterações unilaterais nos processos de concessão de credito, decisões
discriminatórias, práticas lesivas da concorrência e, no que ao banco do Estado respeita, decisões que
ofendem o interesse nacional.
No financiamento à economia, avultam três matérias que entendemos de particular relevância: a
recapitalização das pequenas e médias empresas, o crédito e o seguro de crédito à exportação e o capital de
risco.
A recapitalização das empresas deve, em primeira linha, ser garantida pelo futuro banco de fomento e pelo
capital de risco, especialmente o público. O crédito e o seguro de crédito à exportação devem obrigar a
critérios de riscos específicos, nomeadamente no domínio das regras do seguro de crédito, que deveria estar
ligado ao pré-financiamento corrente das operações externas.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O que acaba de ser dito corresponde às várias propostas que têm vindo a
ser apresentadas pelo Partido Socialista.
Em tempo em que tanto e tantos falam e alguns até exigem consenso com o Partido Socialista, é
indispensável que o Governo passe das palavras aos atos, já não digo no caminho, porque esse só poderia
ser mudado com outro Governo e com outro programa de Governo, mas, ao menos, que pela porta que diz ter