19 DE ABRIL DE 2013
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O Bloco de Esquerda tem-se manifestado contra as duas medidas, quer a de cortes no Estado quer a de
aumento de impostos. É um pouco a quadratura do círculo… — que se aprende cedo, na Matemática, ser
impossível.
Em todo o caso, olhando para o PIB e calculando 6% desse valor, estaremos a falar de cerca de 10 000
milhões de euros. Ora, comparando esse valor, pelo menos, com os de outros países europeus, chegaremos
rapidamente à conclusão de que nem em percentagem do PIB esse valor é atingido na maioria dos países —
a média europeia anda à volta dos 5%, segundo dados de 2011. E, como o Sr. Deputado Luís Fazenda sabe,
pois já debatemos muitas vezes esta questão, muitos outros países também têm vindo a cortar no setor da
educação.
Além do mais, mesmo em termos de percentagem do PIB — e em valor absoluto —, em Portugal, não se
veem, nos últimos anos, valores próximos deste.
Compreendo que a oposição diga que esta altura é pouco indicada para cortar na educação, mas também
é verdade que muito do orçamento da educação tem sido inflacionado com medidas pouco concretas e com
um impacto pouco real no sistema educativo em Portugal, nomeadamente a iniciativa Novas Oportunidades ou
o grande sorvedouro de dinheiros públicos que foi a Parque Escolar.
Neste sentido, entendemos que não é ocasião para nos associarmos à iniciativa do Bloco de Esquerda.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete João.
A Sr.ª Odete João (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Começo por saudar os subscritores da
petição que hoje discutimos. O seu contributo de cidadania num tema tão importante para o País como a
educação é hoje um grito de alerta contra as políticas deste Governo de desinvestimento em educação.
Nos últimos dois anos, os cortes abruptos no orçamento para a educação fazem recuar o País a mais de
uma década, colocam-nos ao nível de 2001. A despesa em educação é hoje uma das mais baixas da União
Europeia a 27.
Estes cortes no orçamento deterioram a qualidade da escola pública, desvalorizam as respostas
pedagógicas e dificultam a promoção das aprendizagens, contribuem para o aumento do insucesso e do
abandono escolar.
Todavia, as políticas do Governo de desvalorização da educação não têm apenas expressão no
orçamento. Lembremos a lei dos compromissos, que deixou as instituições paralisadas, a burocracia que, dia
a dia, impede o bom funcionamento das instituições, a constante instabilidade dos professores e as sucessivas
alterações legislativas, que não são mais do que um ataque à estabilidade da escola pública e ao desempenho
da sua missão.
Na última década, Portugal fez progressos assinaláveis nas taxas de escolarização, ao mesmo tempo que
elevou a qualidade das aprendizagens, conforme se comprova em estudos internacionais. Para os resultados
alcançados muito contribuíram, naturalmente, as condições e os recursos atribuídos à escola pública, o
empenho dos professores, das famílias, dos municípios, o esforço dos alunos e a capacidade das escolas
lidarem com a diversidade. Essa foi a grande conquista, proporcionando a todos um acesso às aprendizagens
de sucesso, independentemente da sua origem sociocultural.
A aposta feita pelos Governos socialistas traduziu-se num aumento do valor da despesa por aluno, não
obstante o investimento, em 2009, ainda estar abaixo da média da europeia — este dado, Sr. Deputado João
Prata, é o que vem a seguir ao gráfico que referiu. Convém dar conta de que, de facto, houve aumento no
valor da despesa por aluno.
Esse é também um facto.
Vozes do PS: — Disso não se lembram!
A Sr.ª Odete João (PS): — Não bastam meias verdades, temos de as dizer todas para sermos credíveis.
No entanto, existem ainda hoje 3,4 milhões de portugueses sem qualquer qualificação ou apenas com o
primeiro ciclo. Pergunto: será que o Governo pensa nestes portugueses quando corta em educação? Quando