I SÉRIE — NÚMERO 82
38
de reposição impostas pelo Tribunal Constitucional. E aqui, Sr.ª Deputada, chamo a sua atenção para a
preocupação que houve de equilibrar e salvaguardar a defesa dos mais carenciados.
Veja, Sr.ª Deputada, que há uma antecipação dos 13.º e 14.º meses para todos o que têm um rendimento
inferior a 600 €/mês. Gostava de saber se V. Ex.ª tem algo contra a antecipação do pagamento do 13.º mês,
em duodécimos, e do 14.º mês para o verão.
Por outro lado, garantida que está a estabilidade dos rendimentos, também gostava de colher um segundo
contributo, perguntando: o que acham a Sr.ª Deputada e do Bloco de Esquerda sobre a sustentabilidade da
segurança social? E o que pensa a Sr.ª Deputada sobre as medidas que este Governo já anunciou e aprovou
(e que tranquilizam os portugueses), para garantir não só um sistema sustentável mas também que não se
repetirão os erros e as ameaças do fim da governação socialista, altura em que se verificava um défice
gravíssimo na segurança social?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Adriano Rafael Moreira, o Governo tem
mesmo mau perder, essa é que é a questão.
O Sr. Deputado perguntou-me, muito concretamente, sobre o que penso da antecipação… Ó Sr. Deputado,
não há aqui antecipação nenhuma!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Pois claro!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — O que o Governo antecipou logo, antes até da aprovação do Orçamento,
foi um saque fiscal a todos. O Governo quis cortar os subsídios, em primeiro lugar, aos trabalhadores da
Administração Pública e do setor empresarial do Estado, para depois dar essa nota para o setor privado!
Portanto, não há aqui qualquer antecipação, porque do que se tratou foi exatamente da ofuscação — ou,
como diz o povo, «de tentar atirar areia para os olhos» — do saque fiscal!
Depois, o Sr. Deputado fala-nos em alarmismo? Alarmismo?! O Sr. Deputado quer mais alarmismo do que
aquele que o Sr. Ministro das Finanças faz quando diz que não tem plano B, que só tem este plano, e este
plano é cortar, cortar, cortar nos mesmos do costume?! Em primeiro lugar, cortar nos salários dos
trabalhadores da Administração Pública e do setor empresarial do Estado; depois, cortar nos salários do
privado; depois, nos subsídios; depois, no subsídio de desemprego e no subsídio por doença; depois, cortar
no emprego com despedimentos; depois, cortar na saúde e na educação…
Ó Sr. Deputado, alarmismo? Mais alarmismo do que este Governo tem tido a capacidade de fazer?! Não
aceitamos sequer essa sua opinião.
Estamos aqui a confrontar o Governo com a sua aldrabice sobre o pagamento dos subsídios de férias e de
Natal. Sr. Deputado, está em vigor um Orçamento que diz que as pessoas estão a receber, em duodécimos, o
subsídio de Natal. Mas os senhores, na semana passada, disseram: «Há um equívoco, não é o subsídio de
Natal, é o subsídio de férias aquele que os senhores estão a receber». Portanto, os senhores estão a querer
fazer passar as pessoas por tontas!
Os portugueses já perceberam que este Governo só tem uma política: cortar nos mais fracos, porque
relativamente aos juros da dívida — que nem toda é dívida pública, como bem sabe —, para esses, nunca há
«mão pesada»! E isso faz, Sr. Deputado, toda a diferença entre esta e a vossa bancada.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Ricardo
Rodrigues.
O Sr. Ricardo Rodrigues (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, grande parte da sua
intervenção merece, naturalmente, um consenso generalizado, nomeadamente no que diz respeito àquele que