26 DE ABRIL DE 2013
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Queria dizer, em primeiro lugar, que é, de
facto, muito interessante ver o PS, o PSD e o CDS, exatamente os mesmos partidos que votaram
favoravelmente a lei que está em vigor, virem hoje, à Assembleia da República, trazer propostas de alteração
a esta mesma lei.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — O PCP não aprende, nós aprendemos!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Parece que, em 2005, estes partidos não tiveram em conta, nem sequer
repararam no que estava em causa com a aprovação da lei e o que ela implicava para as pessoas que tinham
propriedades que o Governo considerou estarem no domínio público hídrico.
É interessante que tenha sido o Partido Socialista a marcar este debate, exatamente o partido que, na
altura, era Governo e que não reparou nas complexidades…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Bem lembrado!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … e nas consequências do que estava a aprovar.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Pergunta-se, também, por que razão quer o PS quer o PSD e o CDS (mas,
em particular, o PS), que nos trazem aqui hoje um conjunto de recomendações, designadamente para agilizar
processos, para proceder a identificações, quando foram Governo, não resolveram estas questões!?
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Foi preciso passarem todos estes anos para virem agora, em 2013, já
quase no final do prazo que a lei estabelece, apresentar um conjunto de recomendações sobre esta matéria!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Bem lembrado! Bem lembrado!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Na altura, já estava mesmo a ver-se que este processo de reconhecimento
da propriedade das pessoas que recairia sobre o domínio público hídrico iria ser um processo moroso, iria ser
um processo complexo e burocrático e iria criar muitas dificuldades às pessoas, nomeadamente àquelas que
detivessem propriedades anteriores a 1864, salvo erro.
Estas situações criaram, de facto, muitas dificuldades, criaram conflitualidades. Há pessoas que não sabem
como poderiam comprovar — muitas delas nem sequer têm meios para o fazer — a propriedade que detêm,
pelo que esta é uma questão que também nos preocupa.
Importa referir também, neste debate, outro problema, que é o facto de não existir um cadastro nacional e
de sucessivos governos nunca o terem realizado, elaborado, construído. E, agora, o Governo vem exigir às
pessoas, muitas vezes sem meios, que façam aquilo que o Governo não fez.
Há, ainda, outro aspeto que gostaríamos de referenciar. Algumas das recomendações da resolução do
Partido Socialista apresentam a necessidade de envolvimento e de articulação com os municípios e com as
freguesias. O alerta que queremos deixar é o de que esperamos que este envolvimento e esta articulação não
sejam para transferir para os municípios uma competência que não é sua e para desresponsabilizar o Governo
desta matéria. O Governo criou o problema e agora tem de encontrar as soluções.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Consideramos que é necessário encontrar soluções, agilizar e facilitar este
processo de reconhecimento da propriedade das pessoas.
Aplausos do PCP.