I SÉRIE — NÚMERO 82
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Portanto, a questão que lhe coloco é mesmo de credibilidade. Como é possível acreditar que há, aqui, uma
intenção de mudança no quadro estrutural da economia? E faço-lhe esta pergunta por isto: por que é que os
senhores perderam dois anos a refletir? Andaram a consultar alguém? Como é possível perder dois anos e
não ter uma proposta para o crescimento económico com um mínimo de consistência? Como é possível falar
de crescimento, quando este Governo tem uma política de ataque aos salários e ao rendimento das famílias?
De que crescimento da economia querem falar, quando a situação de consumo das famílias é miserável?
Como é que querem falar de crescimento económico sem falar de consumo, sem discutir seriamente as
questões de fundo? Como é que querem continuar a poder falar do memorando para o crescimento, quando a
grande aposta deste Governo é a continuidade dos cortes, nomeadamente no Estado social? É esse o
programa que os senhores vão trazer daqui a muitíssimo pouco tempo.
Sr. Deputado, quando prometem crescimento, estão a mentir, porque a verdade é que a vossa proposta é
uma proposta para a recessão, para o abismo da economia e para o desemprego.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr. Cecília Honório (BE): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
Por isso, é de alguma forma curioso este ressuscitar do Ministro Álvaro, que, afinal de contas, veio trazer,
com aquelas dezenas e dezenas de páginas, inúmeras receitas requentadas, porque algumas delas já foram
anunciadas tantas, tantas e tantas vezes… Não é, Sr. Deputado?
Por isso, este plano é, na verdade, tão requentado como o «pastel de nata», requentado, que iria reabilitar
o vosso Ministro da Economia!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado Paulo Batista Santos, tem a palavra para responder.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, começo por agradecer à Sr.ª Deputada e aos dois
Srs. Deputados as questões que formularam e a simpatia que tiveram para com a minha intervenção.
Começo por responder com grande segurança ao Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo dizendo-lhe o
seguinte: é verdade, nós acompanhámos e tomámos a devida nota das boas iniciativas que o Partido
Socialista trouxe a este Parlamento, que o seu Secretário-Geral apresentou ao País e que, naturalmente,
merecem da parte desta maioria e do Governo um reconhecimento. Isso é visível no nosso objetivo comum de
reforçar o financiamento às pequenas e médias empresas, no nosso objetivo comum de que é absolutamente
necessário ter contas públicas saudáveis para que possamos relançar a economia e também no objetivo, que,
presumo, também é comum, de que é absolutamente necessário que mantenhamos o nosso compromisso
externo relativamente aos nossos credores, de forma a que o País continue a ter acesso ao crédito externo.
Isso é verdade. Isso é um reconhecimento político, com toda a clareza.
Contudo, Sr. Deputado, bom seria se este Governo tivesse condições para governar sem ter que estar a
pagar, neste 1.º trimestre, 800 milhões de euros de juros;…
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — … que bom seria que pudéssemos governar sem ter atrás de nós
uma herança que tem coisas boas, certamente, mas que tem uma fatura pesadíssima; que bom seria que
tivéssemos condições para dar continuidade a projetos e a medidas concretas como as que este programa
pretende concretizar, relativamente ao relançamento da economia e à recuperação do emprego. É isso que
estamos a fazer.
Numa primeira fase de governação, fizemos aquilo que tínhamos a fazer e que VV. Ex.as
subscreveram em
nome do Estado português: consolidar as contas públicas e recuperar a credibilidade externa do País. Portugal
e os portugueses estão, hoje, em condições de ter uma esperança diferente: a de que este Governo poderá
lançar as bases para um novo crescimento de Portugal. É nisso que estamos empenhados.