3 DE MAIO DE 2013
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Por isso, parece-me que, nesta bancada, há memória bastante bem clara do que se passou.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Coerência!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Na bancada do PSD é que, pelos vistos, não há coerência nem
memória!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, é, de facto, uma interpelação regimental.
Passamos à próxima intervenção, que será do PS.
Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo, tem a palavra.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em boa hora, o Partido
Comunista Português trouxe este tema a debate — em má hora, o Governo dele se ausentou —, porque é
importante debater uma outra política, um novo rumo para Portugal e as prioridades a que temos de dar
resposta.
Tem sido também essa a ação política do Partido Socialista. Foi esse o tema central do nosso Congresso.
O caminho seguido por este Governo, nos últimos dois anos, tem sido um desastre para os portugueses,
que empobrecem diariamente: recessão económica continuada; espiral recessiva; desemprego nunca visto e a
continuar a crescer; aumento crescente de falências e insolvências; consolidação orçamental a ser feita 85%
pelo lado da receita e, mesmo assim, a falhar; dívida pública a aumentar sem parar.
E muito: queda do investimento; queda da procura interna; sectores como a restauração, o pequeno
comércio e a construção civil a serem destruídos; Orçamentos inconstitucionais; ir ao bolso dos portugueses
de todas as formas; privatizações e concessões sem parar, através de PPP de terceira geração. E nenhum
contato ainda assinado das eventuais poupanças de renegociações, de que muito se fala.
São tudo marcas de uma governação incompetente e impreparada. Uma governação marcada pela paixão
pela austeridade e pela mania, ideológica e imatura, de ir além da troica, destruindo um equilíbrio, já de si
ténue, entre consolidação e crescimento. Uma governação que se tem mostrado incapaz de fazer, pelo
menos, duas coisas ao mesmo tempo. Uma governação financeira e sem economia e que, mesmo assim,
falha nas finanças, porque não acerta uma previsão, porque não atinge nenhuma das suas metas.
Aplausos do PS.
Quem é que, hoje, acredita nas previsões deste Governo? Os portugueses não acreditam e, pelo que vem
a público, já nem no seio do Governo se acredita no Ministro das Finanças.
Agora, com o Documento de Estratégia Orçamental, o Governo acena com a bancarrota, com a saída do
euro, com um percurso penoso para a soberania portuguesa e com uma presença permanente da troica em
Portugal.
Procura impor uma nova dose de austeridade de 6500 milhões de euros até 2017 — 4700 milhões de
euros, entre 2014 e 2016.
Com estas metas e este discurso aqui, na Assembleia da República, o Ministro Vítor Gaspar reduziu à
insignificância o discurso do Ministro Paulo Portas e do CDS, assim como a última versão do discurso do
Ministro Álvaro Santos Pereira e do PSD. Valha a verdade que isto também já é um clássico neste Governo.
Aplausos do PS.
Ambos foram reduzidos à irrelevância política. E não parecem ter capacidade para dela sair.
Mas é justo reconhecer que o Ministro Paulo Portas tem mais jeito para isto e conseguiu passar
praticamente despercebido na terça-feira. Já o Ministro Álvaro Santos Pereira estava, qual Alice no país das
maravilhas, na sala ao lado a falar das virtudes do crescimento e do emprego.