3 DE MAIO DE 2013
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Por isso, sabíamos que esta proposta de política alternativa não agradava a toda a gente: não agrada a
quem acumula lucros à custa da exploração, não agrada a quem acumula riqueza à custa da miséria do povo
e, portanto, naturalmente, não agrada ao CDS.
E não é de estranhar que o Sr. Deputado tenha de ter recorrido a essa aldrabicezita sobre a Câmara de
Setúbal para fugir à discussão da política alternativa.
Mas, Sr. Deputado Hélder Amaral, queria recentrar o debate e, sobretudo, queria colocar-lhe algumas
questões sobre aspetos que o Sr. Deputado deliberadamente não referiu.
A proposta de política alternativa que aqui apresentamos é, de facto, muito diferente da política da troica e
da política de Passos Coelho e Paulo Portas.
Em vez da política do endividamento, propomos uma política de produção e de criação de riqueza. Mas
não chega produzir e criar mais riqueza, é preciso distribui-la, com justiça, por quem a cria. Por isso, em vez
da política de concentração de capital, que o seu Governo promove e que o senhor defende, o PCP propõe
uma política de justiça na distribuição da riqueza e de aumento dos salários, das reformas e das pensões. O
aumento do poder de compra dos portugueses é não só uma medida de justiça social mas também, neste
momento, uma importante medida de crescimento económico e, sobretudo, de promoção do mercado interno.
A esta proposta o PSD e o CDS respondem com a patranha de que não há dinheiro. O CDS, o ex-partido
do contribuinte e dos reformados, que, em tempo de eleições, criticava os cortes nos salários impostos pelo
Governo Sócrates e defendia o aumento das pensões, agora não só corta salários e pensões como, para
justificar esta posição, repete a patranha de que não há dinheiro.
Pergunto, Sr. Deputado: então, há 7000 milhões de euros para juros, 2500 milhões para swaps, 1100
milhões para o BPN, 800 milhões para parcerias público-privadas, dezenas de milhões de euros para contratar
serviços externos a empresas de amigos e sociedades de advogados e não há dinheiro para aumentar
salários e pensões, Sr. Deputado?! Onde é que os senhores vão buscar, só em 2013, quase 11 000 milhões
de euros de dinheiro público para estas negociatas privadas? Onde é que está o saco de onde vem todo este
dinheiro público para satisfazer os interesses do capital e porque é que nesse saco não há um tostão para
satisfazer as necessidades de quem trabalha, de que está desempregado, doente ou reformado?
Sr.as
e Srs. Deputados, os portugueses já perceberam qual é o sentido de patriotismo do CDS, já
perceberam que esse sentido de patriotismo está em satisfazer os interesses dos banqueiros e dos
especuladores, prejudicando o povo. O CDS pode até continuar a fazer estas intervenções em defesa e em
nome do capital financeiro e dos especuladores, afirmando que a política alternativa do PCP não é viável, que
não é possível de se executar, mas, Sr.as
e Srs. Deputados, o que não é viável é manter este rumo de
desastre nacional, este rumo de desemprego, de exploração e de recessão económica. O que não é possível
é manter esta política de cortes e empobrecimento do povo para satisfazer os interesses do capital.
Sr. Deputado Hélder Amaral, esta política da troica é que não tem viabilidade nem futuro. A política
alternativa e de futuro é a que o PCP hoje aqui apresenta!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para responder aos pedidos de esclarecimento, tem a palavra o Sr.
Deputado Hélder Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, tentei — nem sempre
consigo — que houvesse alguma razoabilidade no debate. O que a Sr.ª Deputada diz do que consta do
Documento de Estratégia Orçamentam (DEO) não é o que dele consta.
Protestos do BE.
Portanto, Sr.ª Deputada, não vale tudo!
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Vamos ver amanhã às 8 horas da noite!