I SÉRIE — NÚMERO 86
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — E quando estiver uma estação dos CTT para encerrar e as pessoas lá
forem para manifestar o seu descontentamento, os senhores vão lá e dizem-lhes assim: «O PCP não quer que
esta estação encerre por razões ideológicas, porque isto não faz cá falta nenhuma!».
Aplausos do PCP.
«Por razões de racionalização e de modernidade, os senhores devem ir receber as reformas ali, a 20 km,
porque há lá uma mercearia que vai ficar com um serviço de correios. Depois, se tiver lá dinheiro para pagar
as reformas, essa é outra questão. Mas isto é que é moderno, isto é que é racional. E o PCP, como
ideologicamente se opõe a esta modernidade, quer que a estação de correios cá continue!»
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Demagogia pura!
O Sr. António Filipe (PCP): — Srs. Deputados, façam isso e verão o que a população vai dizer-vos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — É verdade, Srs. Deputados — e assumimo-lo —, que o PCP é contra a
privatização do serviço público postal, porque considera que é um serviço público fundamental.
Para os grupos económicos, sabemos que os serviços públicos são bons negócios, repito, são bons
negócios…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro!
O Sr. António Filipe (PCP): — … e por isso é que estão interessados na privatização dos serviços
públicos. Mas essa privatização é um mau negócio para o Estado e é um péssimo negócio para os cidadãos,
porque é um negócio feito à custa dos cidadãos, à custa do seu dinheiro e à custa da destruição dos seus
direitos.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — O serviço público postal é lucrativo. Não há qualquer razão económica para
privatizar o serviço público de correios. A crise, aqui, não é pretexto.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — A razão fundamental é uma razão de fundamentalismo neoliberal — é essa
a razão ideológica fundamental que leva este Governo e esta maioria a defenderem a privatização do serviço
público de correios.
É um serviço público importantíssimo para as populações, sobretudo para a população idosa que vive em
regiões «vítimas» de desertificação e com dificuldades de acessibilidade. Para que esta população possa
receber aí as suas reformas, é preciso que o Estado português respeite os direitos mais elementares desses
cidadãos e não os prive de um apoio essencial, que é a manutenção das estações de correios.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Disse o Sr. Secretário de Estado e disseram alguns Deputados do PSD que
intervieram que o importante é que o serviço seja prestado, não importa quem o presta desde que haja
regulação.