I SÉRIE — NÚMERO 90
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O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, tivemos o segundo
«número» dos partidos da maioria a cantarem os parabéns à troica. Porém, Sr.ª Deputada, realmente, não têm
boas razões para o fazer. Não estamos em estado de normalidade, não estamos a caminho para a saída da
crise com esta situação em que se encontra o País. Por muito que os senhores insistam, a situação dos juros,
a situação do refinanciamento da dívida é apenas reflexo da evolução da política monetária, do apoio europeu
e da intervenção do Banco Central Europeu na situação das dívidas europeias. Podem continuar a dizer o
contrário, mas, enquanto não explicarem a evolução dos juros da Grécia, a queda dos juros em 100 pontos
base num único dia, a subida dos ratings da Grécia, nunca explicarão o que se passa com a crise europeia.
Mais: vamos falar de alternativas, porque os senhores falam de algumas preocupações, mas depois não
têm alternativas nenhumas, porque passam das linhas vermelhas ao apoio cândido a todas as medidas com
uma rapidez absolutamente espantosa.
Vamos, então, falar de uma alternativa que sempre espanta essa maioria: parar com novas medidas de
austeridade até à estabilização económica. E os senhores dizem, numa imagem que até poderia parecer
simples, que se não adotarmos medidas de austeridade adicionais aumenta o défice e a dívida.
Ora, acontece que eu contraponho que os 10 000 milhões de euros de medidas de austeridade, que foram
o dobro do que constava no Memorando de Entendimento inicial de 2012, não reduziram o défice nem sequer
reduziram a dívida. Foi tanta a austeridade que o aumento da dívida pública em relação às previsões de Vítor
Gaspar foi de 30 000 milhões de euros, apesar de 10 000 milhões de euros de medidas de austeridade.
Se pararmos com novas medidas de austeridade, se deixarmos respirar a economia, se aumentarmos o
salário mínimo nacional, como defendem os parceiros sociais, se utilizarmos o QREN para recuperar um
pouco a economia, se apoiarmos um programa europeu de recuperação da procura na Europa, talvez a
recuperação da economia permita que a dívida pública não continue a aumentar como aumentou na vossa
governação.
Aplausos do PS.
Protestos do CDS-PP.
É que convosco a dívida pública aumentou para níveis recorde. Nunca a dívida pública tinha aumentado 30
000 milhões de euros face à previsão do Governo. Vocês são os campeões da dívida pública, apesar de nos
acusarem, a nós, de uma «festa socialista». A festa da dívida pública, foi no vosso tempo em 2012, porque
nunca tinha aumentado tanto a dívida pública como com Gaspar e com Passos Coelho.
Aplausos do PS.
No nosso tempo, houve uma crise e respondemos à crise como respondeu toda a Europa…
Risos do CDS-PP.
… e a dívida aumentou. Os senhores respondem com austeridade, com a perda de 400 000 postos de
trabalho e a dívida pública aumenta mais do que nos governos do Partido Socialista.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Ao menos, no nosso tempo, reduzimos para metade a pobreza dos
idosos, em 15 anos em Portugal; no vosso tempo é o maior ataque de sempre aos pensionistas — é o que se
propõem fazer daqui para a frente.
Aplausos do PS.