17 DE MAIO DE 2013
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O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … quando apoiava as nacionalizações, para onde se escoava o dinheiro dos
portugueses. Os senhores querem fazer-nos crer que os portugueses viveram acima das suas possibilidades,
Sr.ª Deputada? O dinheiro foi para os hospitais? Foi para as escolas? Foi para as pensões de reforma? Foi
para os subsídios de desemprego? Foi para valorizar salários? Nós lembramo-nos muito bem para onde foram
os milhares de milhões de euros sugados ao povo português para amparar os crimes da banca,
nomeadamente do BPN e do BPP,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Bem lembrado!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … nessa altura, desequilibrando profundamente as contas públicas perante
o assalto especulativo que gerou, inclusivamente, a submissão de PS, PSD e CDS ao subscreverem o pacto
de agressão junto da troica estrangeira. E tudo isto sempre com o apoio e o louvor do seu partido, do CDS.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — A Sr.ª Deputada veio aqui vender-nos a ilusão, que, aliás, não é nova ou,
melhor, a tentativa de venda não é nova, de que tudo isto, se aguentarmos até ao fim, nos colocará em melhor
posição de ultrapassar os constrangimentos com que Portugal está confrontado.
A Sr.ª Deputada veio aqui dizer-nos que tudo fará para que o Memorando não vá, um dia, para além da
vigência que está prevista.
A Sr.ª Deputada sabe bem que, da parte do PCP, tudo faremos para que não dure nem um dia mais este
pacto de agressão, porque a cada dia que ele dure é um dia de retrocesso, de destruição do Estado português
e dos direitos dos portugueses.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — E a Sr.ª Deputada vende a ilusão de que, passada esta tormenta, estaremos
em condições de melhorar.
Sr.ª Deputada, estaremos em muito piores condições a cada dia que passa,…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … porque os senhores estão a destruir a economia, os direitos e o próprio
Estado e as funções sociais e culturais do Estado português.
Por isso, Sr.ª Deputada, importa dizer: o que é isso de não durar um dia mais? Isso quer dizer que depois
reporá as pensões? Que reporá os salários? Que contratará novamente os professores e os outros
funcionários que estão a despedir? Que voltará a desagrupar as escolas? Que voltará a abrir os centros e
saúde e os serviços de atendimento permanentes?
É que este programa, Sr.ª Deputada, este pacto de agressão, que foi assinado pelo PS, PSD e CDS, não é
um programa de vigência limitado; é um programa político…
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — … que desfigura, sem prazo, o regime político português e os direitos dos
portugueses e, portanto, cada dia que passe sob a sua alçada é, claramente, um dia de retrocesso.
A Sr.ª Deputada falou de patriotismo e eu quero dizer-lhe o seguinte: estranho patriotismo, esse, que vive
da riqueza das contas dos banqueiros e que se regozija com a concentração de riqueza à custa da destruição
da vida dos trabalhadores.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!