17 DE MAIO DE 2013
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É urgente demitir o Governo, rejeitar o pacto de agressão da troica e derrotar a política de direita. É urgente
romper com o atual rumo de desastre nacional.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A Mesa registou um pedido de esclarecimento, por parte da bancada
do BE. Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, para esse efeito.
A Sr.ª Mariana Aiveca (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Paulo Sá, trouxe-nos aqui o retrato real do
País, quando, hoje, as bancadas da direita fizeram intervenções de foguetório, dando os parabéns por cá
termos a troica.
De facto, o retrato que nos traz remete-nos para diversas considerações acerca das medidas do Governo.
O Governo ataca os pensionistas da Administração Pública, dizendo que têm uma pensão média muito acima
e, portanto, tem de a cortar. Já sabemos que quando o Governo corta aos pensionistas da Administração
Pública se prepara também para cortar aos pensionistas do regime privado.
O Governo vem dizer-nos que tem de destruir emprego, emprego com direitos, e é isso que tem feito. Aliás,
fez alusão ao número de empregos destruídos nestes últimos quase 24 meses mas não cria empregos com
mais direitos para os jovens. Ou seja, acerca daquilo a que um certo dirigente político chamou de cisma
grisalho, quase fazendo crer que a culpa de não haver emprego jovem é exatamente a existência de emprego
para os mais velhos, está demonstrado que, quando se corta emprego aos mais velhos, também não vai haver
emprego para os mais jovens. E é neste pingue-pongue que o Governo se tem sustentado para enganar as
pessoas, para destruir a economia.
O Governo tem falhado em toda a linha e em todas as previsões: quando diz que há crescimento, somos
confrontados com o aumento do défice, somos confrontados com o aumento da dívida, somos confrontados
com maior recessão, porque estas são políticas recessivas que não resolvem o problema da nossa economia,
nem por via das exportações nem por via do consumo interno. E vamos caindo cada vez mais num grande
buraco.
Diz-nos agora o Governo que é preciso mais, que são precisos mais sacrifícios — eles querem mais! A
pergunta que se impõe, nesta espiral de grande recessão, nesta espiral onde vão tirar sempre aos mesmos do
costume, é quem ganha com o negócio. É preciso saber quem ganha com o negócio porque alguém nos veio
também dizer que não há problemas de tesouraria e que até se podem pagar os subsídios de férias
atempadamente, mas o Governo não o faz. Portanto, a pergunta é: quem ganha com esta situação?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá, para responder.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Mariana Aiveca, agradeço a questão que colocou
mas gostaria de começar por assinalar que o PSD, o PS e o CDS não querem fazer este debate das medidas
alternativas para o corte na despesa do Estado.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Gostam de fazer estes cortes, é a sua opção ideológica cortar nos mesmos de
sempre, e não querem ver as alternativas que permitiram resolver problemas gravíssimos que o País enfrenta
mas não sempre à custa dos mesmos.
Pergunta a Sr.ª Deputada a quem é que serve esta política. Obviamente, aos banqueiros, aos grandes
grupos financeiros, aos grandes grupos económicos, aos acionistas destes grupos económicas, aos
especuladores financeiros, aos agiotas, que especularam contra a dívida pública. Esses, sim, por via desta
política, têm garantido o pagamento dos juros pela especulação financeira que fizeram contra Portugal!