I SÉRIE — NÚMERO 90
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Obviamente, são esses que devem pagar a crise e temos proposto um conjunto de medidas no sentido de
pôr aqueles que são responsáveis pela situação que o País vive atualmente a pagar a crise, permitindo que
Portugal possa enveredar por um caminho de desenvolvimento económico.
A Sr.ª Deputada fala da recessão e, obviamente, temos que analisar quais as consequências desta política
para a recessão.
No primeiro trimestre, tivemos uma recessão de 3,9%. Se analisarmos os anos de 2011 e 2012, veremos
os padrões de evolução da recessão e podemos já antecipar que, este ano, a recessão será, provavelmente,
muito superior àquela que era prevista pelo Governo.
Inicialmente, o Governo previa 1%; depois, passados dois meses, já o Orçamento do Estado estava em
vigor, reviu essa previsão para 2,3% e, na realidade, estes números mostram que, provavelmente, a recessão
será este ano bastante maior.
E é natural que isso aconteça, porque no Memorando da troica que foi negociado pelo PS, pelo PSD e pelo
CDS já se admitia explicitamente que as medidas nele previstas eram recessivas e nos quadro
macroeconómicos desse Memorando apareciam os valores da recessão.
Vêm agora estes partidos falar da necessidade de reformar o Estado mas promovendo o crescimento. Com
estas medidas não se pode promover o crescimento! Estas políticas que estão a ser adotadas no âmbito do
Memorando da troica, do pacto de agressão, promovem a recessão e enquanto não se rejeitar o pacto de
agressão não haverá crescimento.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Ora bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — O PS tem aqui uma posição um pouco ambígua porque, por um lado, defende
medidas para promover o crescimento mas, por outro, vem reiterando sempre o seu acordo a esta política no
âmbito do Memorando da troica, dizendo sempre que é necessário honrar os compromissos assumidos.
E que compromissos são esses que os partidos da troica assumiram? Foi pagar os juros da dívida até ao
último cêntimo, custe o que custar, mesmo que isso provoque recessão, desemprego, desemprego, falências
em massa de pequenas e micro empresas, mesmo que isso seja feito à custa da redução de salários e de
pensões dos trabalhadores.
É por isso que dizemos que é preciso, como ponto de partida para uma nova política, uma nova política
que promova o crescimento económico, rejeitar o pacto de agressão. É necessário rejeitar o pacto de
agressão porque, caso contrário, a economia nacional vai afundar-se ainda mais.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Relativamente às propostas alternativas, acerca das quais traçam sempre um
cenário de que as alternativas propostas pelo PCP resultariam no caos, direi que a nossa alternativa é clara:
rejeitado o pacto de agressão, temos de renegociar a dívida pública.
Este ano, temos alocados para o serviço da dívida pública 7200 milhões de euros. O que propomos é a
negociação da dívida, nos prazos, juros e montantes, precedida por uma auditoria que identifique a parte
ilegítima da dívida, a qual não deve ser paga porque resulta de processos especulativos e de agiotagem, e
depois indexar o serviço da dívida a uma percentagem das exportações.
Dessa forma, seria possível canalizar para investimento público, na produção nacional, dinamizando a
economia, uma parte significativa destes 7200 milhões de euros que atualmente são alocados para o serviço
da dívida.
É este o caminho que defendemos, é este o único caminho que poderá tirar Portugal do buraco em que se
encontra, o único caminho que permitirá ao povo português ter esperança numa vida melhor.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto, para uma declaração
política, em nome do Bloco de Esquerda.