17 DE MAIO DE 2013
59
Para um Governo revanchista e que quer que os nossos jovens não contactem com a Constituição da
República Portuguesa conseguiu-se aqui meter bastante coisa a martelo, devo dizer, Srs. Deputados!
Parece-nos também que cai o equívoco quando a oposição diz que se acabou com a disciplina de
Educação Cívica, quando ela se mantém nos programas sempre que a escola entenda…
Vozes do PCP: — Ah!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — … que no seu projeto educativo seja importante. Mas tudo isso é
subsidiário para além daquilo que já aqui li e que é absolutamente obrigatório. Não há um aluno que saia de
uma escola sem o contacto com esta matéria.
O que já me parece mais grave, Srs. Deputados — e vou terminar, Sr.ª Presidente — é que uma biblioteca
de uma escola do nosso País não tenha a Constituição. Isso é evidente, penso que há, com certeza, alguma
má gestão.
Mas também lhe digo que a Sr.ª Deputada podia ter ido com o aluno à biblioteca, abria o site do
Parlamento e mostrava-lhe a Constituição, porque hoje em dia isso também parece que funciona, não temos
de entregar uma Constituição em papel a todos os nossos alunos.
Mas, com certeza, que nenhuma biblioteca do País, muito menos uma biblioteca escolar, passa sem a
Constituição da República Portuguesa.
Sr.ª Presidente, se se verificasse o que Os Verdes dizem, que nenhum aluno tem contacto com o texto
constitucional, esta bancada não teria dúvidas em acompanhar Os Verdes. Porém, isso não é verdade e julgo
que o demonstrámos aqui com alguma eficácia.
Ainda assim, se subsistirem dúvidas, não tenhamos nós dúvidas de que os nossos alunos têm contacto
com a Constituição e de que os nossos professores, dentro da obrigatoriedade de cumprirem estes programas
e de fazerem para além deles aquilo que bem entendem, fazem esse acompanhamento aos nossos alunos.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Antes de terminar este debate, gostaria de
trazer aqui um exemplo muito concreto de como muitos estudantes não conhecem a sua Constituição.
Nos artigos 73.º e 74.º da Constituição da República Portuguesa é consagrado o direito a todos os jovens à
educação e à cultura. Ora, nós, muitas vezes, confrontados com as dificuldades dos jovens para aceder ao
ensino superior, dizemos a muitos deles que um direito que está consagrado na Constituição, que está
consagrado na nossa Lei Fundamental é o do acesso a todos os graus de ensino, independentemente das
condições económicas das suas famílias. Hoje, o que acontece no nosso País é que temos um Governo que
desenvolve uma política e um pacto da troica que é incompatível com a Constituição da República Portuguesa
e com os valores de abril, na medida em que muitos jovens não acedem ao ensino superior porque não têm
1036 € para pagar propinas, mais despesas de alojamento, mais despesas de refeição. Isto significa, de facto,
que este Governo vive mal com esta Constituição e todos os dias a espezinha.
Mas os jovens, com ou sem a Constituição e a sua divulgação gratuita, com a sua luta, com a força da sua
consciência de que este País também é para eles e que só com os valores de abril é que lá vamos, hão de pôr
este Governo daqui para fora!
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Creio que ficou claro neste debate
que as bancadas da direita não querem uma disciplina sobre a Constituição da República Portuguesa.
Mais: não querem, de todo, uma disciplina sobre política, e a política é o á-bê-cê da cidadania. Não querem
debate político, não querem acesso à política dentro das escolas, excetuando aquela meia dúzia de turmas