I SÉRIE — NÚMERO 93
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dizer: não, tenham calma, que isto não é para cumprir. A primeira questão a colocar é esta: afinal, a medida
está lá, ou não?
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Está, está!
O Sr. António Filipe (PCP): — Evidentemente, está lá! E se está lá é porque alguém lá a colocou e porque
há um Governo que a aprovou
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não aprovou, não!
O Sr. António Filipe (PCP): — Mas, depois, há um membro do Governo que, representando um dos
partidos da maioria, vem dizer: tenham calma! Como se isso enganasse alguém, como se fosse possível
acordar uma medida com a troica e, depois, piscar o olho aos portugueses, fazer de conta que a troica não vê,
que a troica não sabe, e dizer: tenham calma, que nós acordámos isto com eles mas entendemo-nos cá e não
aplicamos isso. O que nos parece óbvio é que estamos perante uma encenação.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Ou seja, há um partido da maioria, neste caso o CDS, que o que procura
fazer é abrir uma janela para fugir em caso de incêndio, porque está perfeitamente consciente do descalabro a
que este Governo está a chegar.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exato!
O Sr. António Filipe (PCP): — Este Governo, com o grau de descrédito que atingiu, é um Governo que
seguramente não reúne condições para continuar a exercer funções, e a grande maioria dos portugueses sabe
disso e exige, naturalmente a realização de eleições antecipadas. O povo português quer ter a palavra
relativamente à política nacional e à solução governativa.
Sr. Deputado, vou concluir colocando-lhe duas questões muito concretas.
Em primeiro lugar, o Sr. Deputado nada disse relativamente ao Memorando assinado com a troica e essa é
uma questão fundamental da vida política portuguesa — a de saber como nos posicionamos relativamente a
este Memorando, que tem trazido a desgraça, que todos nós conhecemos, à situação social dos portugueses
e à situação económica do nosso País.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Sobre isso, o Sr. Deputado nada disse e a nossa posição é claríssima:
consideramos que é elementar, que é uma questão, diria, de sobrevivência nacional romper com o
Memorando assinado com a troica. Gostaria de saber, muito claramente, qual é a posição do Sr. Deputado do
Partido Socialista relativamente a essa questão.
Em segundo lugar, os Srs. Deputados referem, com frequência, que a solução para os problemas do nosso
País tem de ser encontrada no quadro da União Europeia, e eu pergunto: que quadro da União Europeia? É
uma União Europeia com uma moeda única construída à imagem e semelhança do marco alemão?
A Sr.ª Presidente: — Queira fazer o favor de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou concluir de imediato, Sr.ª Presidente.
É uma União Europeia com um diretório comandado pelas grandes potências e, cada vez mais, por uma
única grande potência, que é a Alemanha? É no quadro dessa Europa que os senhores têm ilusões de que os
problemas nacionais possam ser resolvidos? Também gostaria de o ouvir sobre essa matéria, Sr. Deputado.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.