24 DE MAIO DE 2013
7
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado João Soares falou sobre o
que o País precisa, sobre matérias relacionadas com a economia, por exemplo — o CDS falará a seguir, neste
período de declarações políticas, e abordará exatamente essas matérias. Mas falou também sobre uma outra
questão à qual não fugiremos e, portanto, concentraremos a nossa pergunta nisso mesmo.
A propósito da maioria, do Governo e do seu funcionamento, o Sr. Deputado referiu-se muito
concretamente a uma medida que está em discussão e em cima da mesa, que é a chamada «TSU dos
pensionistas». E, a certa altura, o Sr. Deputado pareceu alinhar num grupo de pessoas que parece querer que
essa medida exista com um de dois propósitos: há aqueles que querem que a medida exista para poderem
abrir uma crise dentro do Governo e há aqueles que querem que a medida exista para poderem acusar o líder
de um dos partidos da coligação de incoerência, de faltar à palavra e de voltar atrás.
Acontece, porém, que quer uns, quer outros põem em causa 3,5 milhões de pensionistas,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — … que seriam os sacrificados, para que os senhores
pudessem rejubilar com a instabilidade na coligação ou com a incoerência de um dos líderes dos partidos da
coligação.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Os senhores é que aprovam as medidas e os outros é que são os
responsáveis?!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Srs. Deputados, ainda que isso vos permitisse o júbilo, não
valeria a pena o sacrifício dos pensionistas.
Podem os Srs. Deputados ter a certeza de uma coisa: essa medida deixou de ser obrigatória, é uma mera
hipótese e nunca deixará de o ser. Portanto, podem poupar energias para outros combates políticos porque,
felizmente, os pensionistas não vão pagar o preço do vosso desejo de quererem criar uma crise política à
custa do seu sofrimento.
Há outras questões de que o Sr. Deputado falou e que são muito importantes. Falou, por exemplo, sobre o
facto de haver opiniões diferentes. Sim, há opiniões diferentes, mas o Sr. Deputado não deveria levantar essa
questão,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Claro!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — … porque se há coisa pela qual é conhecido é por ter
opiniões divergentes.
Quando o Partido Socialista tinha maioria absoluta (e mesmo quando não a tinha), o Sr. Deputado tinha
opiniões divergentes e não ouvia, deste lado, ninguém dizer que estava em causa o Governo do Partido
Socialista, porque o Deputado João Soares não concordava com medidas que o Primeiro-Ministro José
Sócrates apresentava. Aliás, o Sr. Deputado orgulha-se disso, e bem! Ainda bem que a democracia
portuguesa é de tal forma madura que permite que, dentro de maiorias — de dois partidos ou de apenas um
partido —, haja vozes diferentes e contributos para essa discussão.
O Sr. Deputado conhece a realidade europeia e sabe que em todas as coligações, por essa Europa fora, é
assim que funciona. E estamos nós muito longe de ter o que se passa em Inglaterra ou na Alemanha, em que
partidos de uma mesma coligação discutem na praça pública, sem qualquer problema, porque isso é a
democracia, visões diferentes para problemas concretos. Isso deve espantar o PCP e o Bloco de Esquerda,
mas fico admirado que espante o Sr. Deputado João Soares. Sinceramente, não esperava.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!