I SÉRIE — NÚMERO 93
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — A questão coloco prende-se com o seguinte: o Sr. Deputado
falou concretamente de uma medida que a troica queria como obrigatória e que esta maioria, este Governo
conseguiu que ficasse no campo das hipóteses — já assumiu que tudo fará para que nunca deixe de ser uma
hipótese. Ora, os Srs. Deputados do Partido Socialista têm de responder a uma pergunta.
A Sr.ª Presidente. — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Nos momentos em que a maioria se bate contra a troica para evitar medidas injustas, os senhores estão do
lado de Portugal e da maioria a defender posições mais justas no Memorando, contra aqueles que nos querem
impor soluções que não são justas, ou preferem vangloriar-se da crise política, ficando, assim, numa posição
muito cómoda de não intervir para deixar que o problema aconteça, prejudicando com isso os portugueses?
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado João Soares, na declaração política que
proferiu, fez um conjunto de perguntas, sobretudo perguntas prospetivas em relação ao futuro. Não consegui
anotar todas, mas parece-me que a resposta mais evidente é «não» — «não» a todas as perguntas que
colocou.
Depois, falou do valor da estabilidade governativa como um valor importante num regime de democracia
representativa. Permita-me só que faça um aparte em relação às questões relacionadas com o voto popular,
levantadas pelo Sr. Deputado Nuno Encarnação, para dizer que o voto popular não é uma coisa abstrata, é um
compromisso de responsabilidade com quem se candidata e quem vota nele!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Portanto, Sr. Deputado Nuno Encarnação não fale do voto popular dessa
forma, porque os senhores violaram o compromisso eleitoral com o povo português.
Vozes do BE: — Muito bem!
Protestos do Deputado do PSD Nuno Encarnação.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Como referi, o Deputado João Soares falou do valor da estabilidade
governativa e eu gostaria de falar da instabilidade social. Devemos verificar o impacto na instabilidade social
das medidas deste Governo — os ataques aos pensionistas, aos funcionários públicos, aos desempregados,
aos mais pobres dos mais pobres e aos serviços públicos.
Disse-nos que esta era uma «maioria zombie», que anda a governar, de alguma forma, um bocadinho
desorientada em muitas situações. Em parte tem razão, Sr. Deputado, mas é uma «maioria zombie» que
aplica uma política de terror ao povo português…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — … e que, por isso mesmo, tem de ser responsabilizada.
Pode agora o Sr. Deputado João Pinho de Almeida vir querer pôr o ónus da culpa e da justificação da taxa
sobre os pensionistas na oposição, mas o que é um facto é que as linhas vermelhas do CDS já estão a ficar
claras para toda a gente: são as linhas vermelhas por cima das vossas promessas eleitorais.
Foi isso que os senhores fizeram!
O Sr. João Oliveira (PCP): — São de elástico! As vossas fonteiras são de elástico!