14 DE JUNHO DE 2013
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Tem assim toda a oportunidade ouvir o Governo sobre o constante encerramento de estações de correio
que os CTT estão a fazer por todo o País, muitas vezes sem avisar ninguém, apanhando toda a gente
desprevenida.
Interessa saber o que tem o Governo a dizer sobre a retirada da rua de centenas de marcos de correio, que
se está a verificar em todo o País.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Segundo a própria empresa, até Fevereiro deste ano, os CTT
retiraram da rua 350 pontos de recolha, sendo Lisboa e Porto as cidades mais afetadas.
Como se isto fosse pouco, além da remoção destes 350 marcos, a empresa prevê ainda retirar mais pontos
de recolha.
Mais concretamente, está prevista a retirada de mais 242 marcos do correio nestas duas cidades, 159 em
Lisboa e 83 no Porto, o que representará uma redução de 30% na cidade de Lisboa e de 37% na cidade do
Porto.
Isto já para não falar do interior do País, onde a remoção de marcos de correio tem sido uma constante e
com graves prejuízos para as populações.
Os CTT avançam com estas remoções e com o encerramento de estações de correio de forma unilateral e
sem ouvir ninguém, muitas vezes até apresentando a remoção ou o encerramento como facto consumado e
sem qualquer abertura para discutir o assunto com as juntas de freguesia e para se poderem estudar
alternativas.
Naturalmente que esta situação traz consequências muito graves, principalmente para a população
envelhecida e com fraca mobilidade, que, em determinadas situações, não tem alternativas viáveis, uma vez
que o ponto de recolha mais próximo fica a uma distância considerável e num local pouco acessível.
E mesmo tendo presente que cada vez mais se opta pelo envio de correspondência através de outros
meios, sem recorrer aos marcos de correio ou às estações de correio, é nosso dever e dever do Governo,
pensar nos cidadãos que, não tendo possibilidade de custear o acesso à internet ou não detendo
conhecimentos informáticos suficientes, apenas podem contar com a estação dos correios, porque esta
constitui, de facto, a única alternativa objetivamente possível.
É pois, profundamente lamentável que os CTT, que têm por missão a prestação de um serviço público,
adotem medidas de carácter economicista, o que se traduz numa redução da qualidade do serviço prestado às
populações. E mais lamentável ainda quando o Governo acaba por ser cúmplice e dar cobertura a estas
orientações por parte dos CTT. Também nesta matéria, o Governo não quer saber das pessoas.
Sabemos que estamos diante de uma operação que visa preparar o caminho para a privatização dos CTT,
a privatização de uma empresa que continua a prestar um serviço público de qualidade aos cidadãos e que,
ainda por cima, continua a contribuir com receitas líquidas para o Orçamento do Estado.
Sabemos que o Governo está a reduzir as estações e postos de correio, levando à concentração de
serviços e à consequente redução de postos de trabalho, com um objetivo muito claro: preparar o caminho
para engordar os lucros dos privados que vierem a beneficiar com a privatização dos CTT.
A história repete-se: o Governo ignora a Lei de Bases dos Serviços Postais, não quer saber das pessoas e
dos problemas que têm de enfrentar, o Governo continua a não ter uma noção daquilo que representa o
serviço público para as populações e faz o jeito aos privados que vierem a ficar com a empresa. Portanto o
costume! O Governo continua a pensar nos interesses de uns poucos e a ignorar os interesses da
generalidades das pessoas.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — É também por isso que os portugueses cada vez têm mais
motivos e mais razões para meter as políticas deste Governo dentro de uma caixa, ou dentro de um saco, e
despachá-las, pelo correio, para bem longe.
E convinha que o fizessem antes da privatização dos CTT, porque, pelo menos por agora, os portugueses
teriam a certeza que a encomenda chegará ao destino!