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20 DE JUNHO DE 2013

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A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os

Verdes.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Carlos Alberto Gonçalves, nem sei

o que diga… Ouvi-o fazer o elogio da emigração. Provavelmente, o Sr. Deputado nem consegue distinguir

imigração de emigração. São conceitos muito diferentes.

Face à convicção com que falou, apetecia-me perguntar se é esse o conselho que dá aos seus filhos. Mas

não é isso que vou perguntar.

Ouvi hoje, da sua boca, o impulso para a emigração, e são estes impulsos do Governo que levaram 120

000 portugueses a procurar emprego no estrangeiro, apenas no último ano — e não são Os Verdes que o

dizem, são os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística.

O saldo migratório do ano passado regressou aos níveis dos anos 80 e é, aliás, um dos mais negativos dos

últimos 33 anos. Os impulsos do Governo estão a obrigar cada vez mais portugueses a saírem do País, e

tanto assim é que este saldo migratório, a que se refere o INE, mostra que esta inversão de tendência (que,

aliás, já não se verificava há décadas) deve-se essencialmente ao aumento das saídas.

Ainda esta semana o Eurostat publicou os últimos dados sobre empregos disponíveis na zona euro e, da

análise desses dados, o que se conclui é que Portugal é o segundo País da moeda única com menos vagas

disponíveis — apenas o Chipre tem menos empregos disponíveis do que Portugal. Portanto, não é necessário

grande esforço para perceber que nós ou mudamos de política ou estamos desgraçados. E como o Governo já

disse que não quer e que não está para aí virado, para mudar de políticas, de facto, a solução era que o

Governo pegasse nas malas, na «mala de cartão», e fosse lá para fora, emigrasse e deixasse de chatear os

portugueses.

Sr. Deputado, tenho uma pergunta para lhe fazer: durante a campanha eleitoral, virou-se para os seus

eleitores e, com a convicção com que falou aqui hoje, disse-lhes: emigrem! Foi assim?

Aplausos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia e do PCP.

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Alberto Gonçalves.

O Sr. Carlos Alberto Gonçalves (PSD): — Sr. Presidente, gostava de começar por responder à Sr.ª

Deputada Ana Drago.

É evidente que quando se fala de emigração ou de comunidades portuguesas o Bloco de Esquerda fica

sempre muito inquieto, porque o Bloco de Esquerda não tem essa noção. Os senhores preocupam-se muito

com a emigração, mas qualquer português que tenha a infelicidade de sair, em Vila Verde da Raia ou Vilar

Formoso, no dia em que passa para o lado de lá, deixa de contar para o Bloco de Esquerda. Nisso estamos

claramente entendidos.

Risos da Deputada do BE Ana Drago.

Não se esteja a rir, Sr.ª Deputada, por uma razão pura e simples: os portugueses que estão no estrangeiro

fazem parte integrante deste País, custe a quem custar!

Vamos, agora, a outras coisas mais importantes de que falou.

A Sr.ª Deputada disse que nós enlouquecemos. Nós não enlouquecemos, mas temos uma realidade:

herdámos o País na situação que a Sr.ª Deputada e os seus colegas de partido tanto aqui referiram e,

aparentemente, qualquer política de emprego, independentemente da crise económica na Europa dos nossos

principais parceiros e no plano mundial, como é evidente, com um estalar de dedos resolve-se a situação

completamente…

Em relação à emigração, só lamento que o Bloco de Esquerda, quando emigraram 120 000 pessoas em

2008, não tivesse uma palavra para quem emigrou. O que mudou? Tal deve-se ao facto de, agora, estar um

governo de centro-direita no poder? Deve ter sido uma questão ideológica, e isso preocupa-me.