I SÉRIE — NÚMERO 110
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O Sr. Nuno Filipe Matias (PSD): — Por isso, se calhar, e ao contrário daquilo que acontece, os anteriores
responsáveis não dão a cara para justificar as opções e as consequências.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Descaramento não vos falta!
Aplausos do PSD e CDS-PP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Altino
Bessa.
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, ouvi atentamente a intervenção do Sr. Deputado Rui
Paulo Figueiredo e considero impressionante a explicação que dá para as 25 parcerias ferroviárias e
rodoviárias que analisámos na Comissão. A única explicação é a de que o Partido Socialista «esteve mais
tempo no Governo». E então, com essa explicação, a opção foi a de lançar mais parcerias público-privadas! O
que, ainda por cima, é incoerente com o que o Sr. Deputado tem dito ao longo destes meses na Comissão,
dado que até tem demonstrado que não é favorável às parcerias público-privadas.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — E não sou!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — Então, não percebo como é que defende que o Partido Socialista, em 25,
tenha lançado 22 parcerias público-privadas só porque esteve mais tempo no Governo! Desculpe, mas essa
explicação não faz sentido absolutamente nenhum!
O lançamento destas parcerias público-privadas provocou ou não um forte endividamento público, que faz
com que o Estado sofra com o aumento das taxas de juro? É ou não verdade que o ex-Presidente da Estradas
de Portugal afirmou na Comissão que era pressionado pelo Secretário de Estado à época e pelo Primeiro-
Ministro para lançar obra e mais obra?
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — É ou não verdade que estávamos em 2008, ano que antecipava o ano de
eleições?
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora bem!
O Sr. Altino Bessa (CDS-PP): — É ou não verdade que o Tribunal de Contas dizia, em relação às
subconcessões, que «o Tribunal não pode deixar de colocar reservas sobre o programa das subconcessões
da Estradas de Portugal, uma vez que não foi tida em consideração a comportabilidade dos custos
envolvidos»?
Dizia ainda o Tribunal de Contas: «O Tribunal não obteve qualquer evidência relativa à oportunidade de ter
havido o lançamento, em simultâneo, de oito subconcessões que acarretaram para o Estado elevados
encargos.» É ou não verdade que isto se justificava apenas e só por questões eleitoralistas?
Quando hoje utilizam o argumento da crise para que, em 2008, tenha havido uma derrapagem,
nomeadamente no défice, é ou não verdade que foi nesse mesmo ano que anunciaram o fim da crise por
decreto?
Não foi o Ministro Pinho que, na altura, reduziu o IVA de 21% para 20%?
Não foi em 2009, ano de eleições, que aumentaram os funcionários públicos em 2,9%?
Estarei enganado, Sr. Deputado?
Portugal é ou não é o País da Europa com mais investimento em parcerias público-privadas em
percentagem do PIB?
Aumentou ou não a dívida pública brutalmente neste período?