I SÉRIE — NÚMERO 110
34
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino
Soares.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado: Então, Sr.
Secretário de Estado, 8% de taxa de rendibilidade é uma coisa aceitável? Então, garantir 8% de taxa de
rendibilidade é o que o Governo tem para mostrar de grande disciplina neste escândalo das PPP? Bem que se
denunciou pelas suas próprias palavras! De facto, 8% é um escândalo, é uma roubalheira do dinheiro dos
portugueses. Isso não é aceitável e demonstra bem como este Governo não fez nada do que é fundamental
nessa área.
Quanto aos CTT, o Sr. Secretário de Estado fez uma descrição mas depois não tirou a conclusão. Disse
que os CTT prestam bom serviço — aliás, eu já tinha dito que os CTT são uma empresa que dá lucro —, disse
que até tem áreas que já estão liberalizadas, que os CTT são competitivos e estão à frente nesse mercado, só
que depois não tirou a conclusão.
Sr. Secretário de Estado, então se são bons, se prestam bom serviço e se dão lucro porque é que vão
privatizar os CTT?
Vozes do PCP: — Ora bem!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não é para defender o interesse público, Sr. Secretário de Estado, é
para defender os interesses privados, é para defender aqueles que vão ficar com este setor altamente
lucrativo e que tem clientes sempre garantidos. É isso que os senhores estão a preparar.
Com o que os senhores estão a fazer não se trazem mais postos de trabalho para esta empresa. Desse
modo está-se, sim, a reduzir os postos de trabalho e as estações de Correios, para deixar tudo no mínimo dos
mínimos e para que o lucro do privado seja o máximo dos máximos. É isso que os senhores estão a fazer com
os CTT.
E, Sr. Secretário de Estado, fale-nos da justeza da privatização do setor segurador da Caixa Geral de
Depósitos. Explique-nos como é que é vantajoso para o País que o banco público abdique de um setor
segurador, deixe de ter setor segurador no seu Grupo, coisa que não acontece com nenhum banco da mesma
dimensão, abdicando de um terço do seu volume de negócios! Explique-nos lá como é que, nos dias que
correm, um Grupo gere um setor financeiro sem ter o setor segurador! Qual é a racionalidade da decisão de
entregar ao privado um setor altamente lucrativo e importantíssimo?
E explique-nos, Sr. Secretário de Estado, como é que se defende o serviço público na EDP, que tem, ano
após ano, mais de 1000 milhões de euros de lucros, enquanto os portugueses, as empresas pagam tarifas
altíssimas de eletricidade, que prejudicam a economia e a vida das pessoas.
Onde é que se defende o interesse público com estas tarifas quando o que era preciso era uma política
para apoiar a economia e as famílias, que só pode fazer-se com o serviço público, com empresas públicas? E
o mesmo se diga da Galp e com tantas outras empresas. Sabe porquê, Sr. Secretário de Estado? É que o
público é de todos e o privado é só de alguns.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe
Soares.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª e Srs. Membros do Governo, Sr.as
e Srs.
Deputados: Devo dizer que o Sr. Secretário de Estado entrou aqui enquanto Secretário de Estado das Obras
Públicas, Transportes e Comunicações — pelo menos era este o cargo que lhe tinham dado na orgânica do
Governo que ainda está em vigor —, mas fez um discurso como se fosse Secretário de Estado de Tesouro.
Em determinado momento, até pensámos se o Governo não se teria enganado, se, ao querer falar de