6 DE JULHO DE 2013
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privatizações, não deveria ter trazido Maria Luís Albuquerque, que esteve e está com essa pasta. Pelos vistos,
não se enganou. Tanto não se enganou que o discurso já vinha escrito, preparado, e foi «de peito feito», com
toda a força que o Sr. Secretário de Estado veio dizer que esse era o seu papel, que esse era o seu
desiderato. Esse é também o seu fanatismo ideológico.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Exatamente!
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — O Sr. Secretário de Estado podia ter falado apenas das privatizações
no setor dos transportes, mas não o fez. Quis dar mostra da sua capacidade na matéria e, se calhar, até de
ser candidato a algum cargo.
O que deixou bem claro foi que este Governo está numa situação de desnorte completo. Foi exatamente
isso que veio demonstrar. É verdade que trouxe argumentos para o debate, que não escondemos. Rebatemo-
los exatamente com a mesma força, porque a parte principal dos seus argumentos não é técnica, é ideológica,
e essa já conhecemos. O CDS tem uma visão muito parecida sobre o que o Estado deve ou não fazer e o
PSD também. Nesse caso não há dúvida, Sr. Secretário de Estado, temos uma visão muito diferente da sua.
Vejamos onde nos levou essa sua visão, essa destruição do Estado, a destruição do que é público e
falemos do passado e daquilo que os governos do PSD e do CDS também ajudaram a criar. Olhemos, por
exemplo, para a Galp ou para a EDP: vemos nessas duas empresas centenas de milhares de lucros de
privados que dantes eram públicos e que agora servem de rendas que são retiradas à economia, aos
rendimentos das famílias para enriquecer os privados. Esse é o resultado das privatizações.
Pergunto: ficámos melhor depois destas privatizações? Estamos tão bem assim depois destas
privatizações? A resposta é «não». Ficámos pior. O Estado ficou cada vez pior e a dívida não parou de
aumentar.
Dizia-nos o Sr. Secretário de Estado que as privatizações poderão servir para criar emprego. Ora, depois
de este Governo já ter privatizado o que privatizou, onde está o emprego? Trá-lo no bolso? Mostre-nos, pois
nós não o vemos. As estatísticas dizem-nos exatamente o contrário, isto é, que o desemprego, esse sim, não
para de aumentar.
A escolha ideológica do Governo também é uma matéria de defesa de interesses, que não são os públicos.
Se fosse para defender os interesses públicos, os CTT, a ANA não sairiam do espeço público, porque dão
lucro, são bem geridos, como o Sr. Secretário de Estado reconhece, têm uma capacidade estratégica para o
País e são garantia de coesão territorial. Ora, se fosse para defender os interesses de todos nós, do povo
português e do País, nunca nenhum Governo quereria privatizá-los. Como é para defender os interesses dos
privados, é exatamente essa a escolha do Governo.
Termino com um exemplo de uma privatização feita por este Governo, a primeira delas. E já que o Sr.
Secretário de Estado está presente para tapar a falta de Maria Luís Albuquerque, peço, então, que lhe defenda
a honra porque a privatização do BPN, feita por ela, transformou o maior escândalo da gestão pública dos
últimos cinco, seis anos naquele que é o maior escândalo das privatizações dos últimos dois anos. Privatizam
por tostões aquilo que vale muito e retiram sempre do erário público a capacidade de termos uma voz na
economia e no setor financeiro.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Batista
Santos.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª e Sr. Secretário de Estado, Sr.as
e Srs.
Deputados: Em primeiro lugar, gostaria de recordar a esta Câmara que quem fez esta marcação, quem trouxe
hoje o tema das parcerias público-privadas e da transparência nos processos de privatização foi a bancada do
PSD. Estava bancada trouxe este tema a debate porque tem orgulho no trabalho que o Governo está a fazer
neste domínio, porque tem consciência de que temos dado passos positivos quanto a tapar um conjunto de
trapalhadas, de buracos financeiros que o Partido Socialista deixou ao Pais. E fazemo-lo com orgulho.