I SÉRIE — NÚMERO 111
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A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Carlos Costa confirmou a sua necessidade, Vítor Gaspar confirmou a sua
necessidade.
O segundo resgate decorre das políticas fracassadas do seu Governo. É um «presente» que os senhores
ganharam. É vossa opção, é vossa a fatalidade deste segundo resgate que estão a negociar nas «costas» do
País. Esta é a verdade.
Os dados que eu trouxe aqui, e pensando que os tinha entendido com clareza, indicam que os níveis em
que a dívida pública se encontra são completamente insuportáveis, insustentáveis e inimigos de qualquer
perspetiva de crescimento, não é verdade? Eles estão muito perto da barreira dos 130%…
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — É verdade! Muito perto!
A Sr. Cecília Honório (BE): — … e as perspetivas do FMI são de agravamento da dívida pública. Sabe
perfeitamente que esta dívida foi convertível numa dívida não pagável pelas políticas do seu Governo.
Esta é a verdade, é aquilo que falta esclarecer, é aquilo que falta à maioria assumir com tranquilidade,
para, porventura, elevar um pouco o nível do debate político e assumir responsabilidades perante os
portugueses.
Aliás, até trouxe aqui o exemplo de um especialista em Economia, um Secretário de Estado, o Dr. Carlos
Moeda. Sabe o que é que ele disse? Ele disse mesmo isto, em 2010: «Só nos resta o possível caminho da
reestruturação da dívida».
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Claro!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Então, isto valia em 2010 e não vale agora porquê? Explique, Sr.
Deputado. O Sr. Deputado, que também é muito habilitado nesta esfera, explique por que é que a sabedoria
de Carlos Moedas, que era válida em 2010, não é válida nos dias que correm em que a dívida está a níveis
galopantes.
Sr. Deputado, o que nós queremos é tornar esta dívida sustentável. As propostas concretas que aqui
apresentamos, através do projeto de resolução, visam tornar esta dívida sustentável.
Na verdade, os senhores sabem que a maioria do povo já mostrou recusar em absoluto o dito Memorando
de Entendimento com a troica e as políticas de austeridade.
Por isso mesmo, do que os senhores têm mesmo muito, muito, muito medo é de devolver a voz ao povo e
de assumir essa responsabilidade.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Não é verdade!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Isso, sim, seria falar em responsabilidade!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Para formular perguntas pelo PCP, tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Honório, de facto, dois anos e dois
meses depois da troica e do Memorando, a renegociação da dívida pública portuguesa continua a ser um
imperativo nacional.
Já debatemos este tema várias vezes, nomeadamente em julho de 2011 e em setembro de 2012. No início
das duas sessões legislativas desta Legislatura, o PCP trouxe a discussão, neste Plenário, a emergência
nacional de renegociar uma dívida pública que hoje atinge cerca de 130% do PIB e que é, cada vez mais,
impagável e insustentável por vontade da maioria.
Aliás, como bem sabe a Deputada Cecília Honório, o PCP lançou o debate público sobre a renegociação
da dívida quando ainda ninguém em Portugal o fazia. Curiosamente, recordei-me há pouco, fê-lo nos dias 4 e
5 de abril, isto é, exatamente na véspera do pedido de emergência de José Sócrates à troica e, como é